terça-feira, 20 de agosto de 2013

Longe e em mim


Como é que eu vou sair hoje à noite
Se não tenho dinheiro para beber?
Se a solidão me acompanha
E a saudade só me traz você?
O que era, de repente deixou de acontecer.
E sem esperar, comecei a encontrar
Motivos para tentar reviver, recomeçar.
Conheci uma paz e um abraço, laço forte
Com medo da chama da morte.
Num canto dentro de mim, coração:
Paradoxalmente cheio e vazio, meio perdido.
Meio achado encontro um rio,
É a emoção do conjunto de várias paixões.
Querendo sempre um pouco mais de carinho,
De calor que protege e de frio que aquece.
Paixão natural pele, pelo, olhos...
Agora as lágrimas escorrem pela janela;
Meu quarto solidário, de beleza singela.
Me mostra o meu limite do pequeno,
Universo de ar, dor, alegria, água, terra.
Será que eu queria estar tão vestido assim?
Prefiro pensar em você, me encantando a qualquer canção.
Apertando, me crucificando em seu corpo
E me guardando dos medos e segredos dessa vida.
Apesar da chuva, a vida continua seca, minha querida.
O pensamento flui suave, a limites extremos
De amor, dor, paixão e tesão. Vivemos.

*Em 1991, com Márcia Barcelos.