quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Entre almofadas e poltronas


A gente é
O que é
Entre luzes
E rancores.

A gente
Sempre tem
Tempo para
A vida e os sabores.

A gente
Até degusta
Algum tempero
Nos amores.

A gente
Até aguenta,
Vezes repetidas,
Dissabores.

A gente
Brinca e foge;
Desenha palavras
Ruas e flores.

A gente
Quer tudo
Ao mesmo instante
E embaralha as cores.

A gente
Pára o mundo
E se reencontra
Nas dores.

A gente
Soma e divide,
Multiplica sensações
Até quando tu fores.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Brinde



Senta,
Entrelaça tua beleza.
Guarda a tristeza
Em caixa de sapatos.
Pede outra gentileza
A quem te rejeita.
Rima asfalto com reza,
Desfila seus instintos.
Abandona a esperteza
E morde a língua
Antes de sonhar.
Com sutileza
Vou apagar os versos
Que desenhei pra você.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

O dia que o mundo não acabou


Dormi sabendo que teria de levar o carro hoje cedo na concessionária por conta de uma pane no conjunto de setas identificada semana passada. Até que um pequeno parafuso colocado estrategicamente para estancar o problema "voasse longe", tudo estava sob controle. Para que o pisca alerta não ficasse ativado a noite inteira, duas chaves foram fincadas ao redor dele, presas a uma argola, ligada a uma cordinha amarrada ao volante. A bateria não descarregaria.

Sono tranquilo? Longe de mim. Talvez estimulados por duas Originais bem geladas e uma pizza gordurosa de margherita, pesadelos me rondaram. No mais assombroso deles, inventei meu próprio meio de transporte: um macacão plástico amarelo, onde cabiam duas pessoas, movido a 100 ml de Skol e acionado por uma vareta branca nas costas. A esquisitice se movia com os passageiros sentados em uma plataforma de madeira com duas rodinhas. Parecia um skate.

Quando um feixe de luz solar dos anunciados 40 graus para esta quarta-feira em Campos invadiu a cama, pulei. Eram 7h15, mais ou menos. Só então reparei que meu telefone tocou duas vezes às 23h22. Impossível retornar ligação de número restrito. Banho rápido, duas goladas em um refresco de tangerina e já estava eu dentro do veículo, desatando o nó. Foi rápido. Demorado seria o trajeto até a Fiat com as luzes piscando o tempo inteiro pelo infernal trânsito local.

Segui devagar, como manda a prudência nesses casos. Até que na esquina de Rua Saldanha Marinho com Ouvidor avistei aquela que poderia ser a explicação irracional, inesperada e inusitada para meu sonho de Professor Pardal. Em pé, um sujeito com o corpo pintado tipo o "Freddie Mercury Prateado", do Pânico na TV. Trajando um casado feito de... tampas de latas de refrigerante e/ou cerveja. Sinal verde, não tive tempo de fotografá-lo.

Precisei parar no Itaú para fazer uma transferência bancária. Em dois caixas eletrônicos não havia papel para imprimir o comprovante. Só consegui efetuar a transação no terceiro. Esquisito! Cheguei, finalmente ao destino. Como sempre fui atendido de forma atenciosa por uma loira simpática com quem trato os assuntos do veículo. Já no trabalho fui recepcionado por uma música: "Alô, alô Marciano", com Elis Regina. Sabem o que isso tudo quer dizer? Nada!