segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Sem pão, sem açúcar

Eu que trabalhei, suei, me entreguei e sangrei;
Dinheiro no bolso não tem mais, eu já sei.
Tô na fila só de ida, mas pra onde é que eu irei?
Falta comida, remédio e chão; o que sobra é a lei do cão.

Não quero ficar nesse estado,
Maltratado e paralisado.
Consolado por "santo" chique,
E com tanto pop sem ibope.
Não vou deitar no asfalto quente,
No fogo cruzado de tanta gente.

Prisões, confissões, delações e repressões.
Estendo faixa, rasgo cartaz.
Não é só pra mim o mal que me faz.
Genocídio silencioso de velho e de criança.
Faca amolada rasgando o último riso de esperança.