terça-feira, 26 de março de 2024

Azul e vermelho

A chave está ali, muito bem posta. Com a maçaneta, são uns 90 graus.  Mais ou menos pra lá, não importa! São só, e apenas isso, os números. 

Chama a atenção, mesmo, é a porta.  Entreaberta, como parece o mundo. Há, ali, um gatinho e uma banqueta. Vejam bem: pendurado, um absurdo.

Luzes, as cores, tudo vive em volta. E quem não respira no submundo? Madeiras, luminárias e reviravolta... O que você não disse, eu, só, mudo.

domingo, 24 de março de 2024

A gente não é

A gente não é todo mundo. 

A gente é sabor e saudade. 

Saudade desse gosto todo. 

Desse mundo só da gente.


Não se esquece disso, não!

E lembre-se desse vaivém.

A gente é até a contramão,

Um retalho que não se tem.


A gente percorre as horas, 

Uma viagem nessa vida.

Sem ponteiros e demoras,

A passagem é só de ida.

Coisa de casa velha

Se eu não tiver uma casa,

Posso me repousar em ti?

E se você me der uma asa,

Pouso sem querer em mim?


E, vamos lá, se eu for casa,

Talvez eu repouse em ti?

Mas e se você for uma asa,

Quem vai querer ter em mim?


Não, não tenho uma casa,

Nem repouso em mim e ti.

Você é e tem e tem sua asa!

Quer? Tem? Repousa em mim.



quinta-feira, 21 de março de 2024

Violão americano

Eu nunca tive um irmão 

A natureza se recolheu

Bambolê de sim ou não 

Um hiato vazio do céu 


A vida é contravenção 

E até aqui me percebeu

Presente bem na mão 

Minha chuva arrefeceu


Amar é brisa no chão 

Dar o que não recebeu 

José, tenha seu João 

Se não sente, não moeu



quarta-feira, 20 de março de 2024

Parabéns

 Há cinco anos eu estava aí..

Choveu.

Anoiteceu.


E a gente foi a gente.

A gente segurou a onda.

E a chuva. E a chuva da onda.


A gente sobreviveu como pode.

E entre janelas e portas.

Vocês estavam lá.


E vcs estão na resistência.

Na resiliência de vida,

Na paciência entre nós.


Comemorem e vibrem.

Sejam a mesma frequência;

Sejam, sempre, Paciência!

terça-feira, 12 de março de 2024

A mão esquerda

Oito. Oito e pouca. Quase nove da noite. Uma, duas, três Brahmas depois... Um olhar me atravessou. Era marrom. Eram marrons. Dois olhos. Duas luzes, duas possibilidades. 

Eu fitei. E namorei. Apaixonei de cara. Minha cara, minha metade, meu todo, parou bem perto. A gente se descobriu. Extravasei. A mão esquerda sobressaiu. E foi. E foi solo, só. 

A gente estava num quiosque. Talvez um trailer... talvez uma lanchonete. É, vamos chamar de lanchonete, encravada numa divisória de pistas. Quase uma pista única. 

Ali estávamos eu, o cliente; Júnior, uma espécie de faz-tudo; e Duda. Duda para quem ela assim se apresentava. Maria Eduarda, a mãe chamava, supus. Ela tinha brincos de corações. 

Duda, a dos brincos, brinca de receber as contas. E ainda atende. Júnior, serelepe que só, notou quando meu olhar fitou o dela. Ele viu aqueles olhos marrons a me marcar. E marcaram.

"Maria Bethânia, vem aqui", gritou silenciosamente Júnior. Não acreditei que aquela cadela linda, caramelo, tinha esse nome. Duda disse que o irmão se chama Caetano Veloso. 

Só posso estar num sonho da vida real. Comi meu "mata-fome" com a fome dos imortais. Que são "Gegê e Inácio", cães do irmão João. E eu sou amor. Amor de Dani. Das Vilas e das Vitórias.

sexta-feira, 8 de março de 2024

Balas pra Bob Marley

Passando pra te lembrar:
Que é meu o teu olhar.
Você tem esmeraldas...
Elas estão estampadas.

Passando pra te lembrar:
O meu sonho é te amar.
Você tem as espadas...
Eu tenho frases amadas.

Passando pra te lembrar:
Do meu sonho e do olhar.
Das frases até cantadas...
Em todo você: flechadas!

quarta-feira, 6 de março de 2024

Sumo em ti

Lavo, escorro!
Afago o entorno.
Espumo.
Me prumo.
Copo cheio.
E a vida veio.
Às vezes é infinito.
Às vezes é o grito.
Às vezes bancada.
Às vezes desarmada.

Pago, socorro!
O saber do erro.
Insumo.
Me uno.
Miragem, veraneio.
Sol desse recreio.
Às vezes é o não dito.
Às vezes é ar banido.
Às vezes descortinada.
Sempre, sempre, amada.