sábado, 14 de junho de 2014

Tem hora para tudo

É com vergonha, pelo tempo que deixei de fazer, que admito: hoje, de manhã, fui ao Mercado Municipal. Acompanhado de meu tio, açougueiro em Arraial do Cabo (Região dos Lagos), por iniciativa e interesse dele, percorremos boxes com venda de carne. Queria, ele, ver o preço praticado aqui. Natural, em se tratando de um comerciante. Rodopiamos para lá, para cá, percorremos o entorno. Tirei fotos do maltratado relógio antigo, posto no alto da torre.

Em determinado momento, adentramos os corredores internos. Outro mundo -  mágico para uns,  problemático para outros  - se descortinou. Alguém me chamou pelo nome. Opa, um conhecido. Logo outro, esse com o intuito de conversar, por instantes, sobre um empreendimento recente dele. Papo rápido e estávamos, eu e meu tio, peregrinando novamente. Odores, gente, sacolas, produtos... Aquela mistureba interessante.

Sedentos, por volta de 11h, paramos logo na barraca da entrada.  O lugar intitula-se “Churrasquinho do Beto”. Realmente há petiscos no espeto, uma TV ligada na Globo (obviedade até irritante, mas plenamente compreensível) e três, três freezers com alguns refrigerantes e muita, muita, muita cerveja. O Beto, em questão, vende garrafa comum (a de 600 ml) e litrão. Pedimos uma Antarctica convencional. A ideia era “molhar o bico” e ir embora. Inocência.

Logo que chegamos, uma moreninha de saia curtíssima, magra, curvilínea, saiu em companhia de um dos rapazes da mesa da frente – o outro ficou. Da primeira cerveja - papo vai, papo vem – pedimos a segunda, evidente que isso ia acontecer: era servida, independente da quantidade, em um balde com gelo. Luxo! A prosa permeava momentos históricos e emotivos da família, além de algumas pequenas confissões de homem, que só homem entende.

Um novo conhecido passou e me cumprimentou. Outro, dono de uma lanchonete no Centro e torcedor do Goytacaz, também. De repente vem Odvan, ex-zagueiro do Americano, do Vasco, e da Seleção. Deu tempo de enxergar um tradicional e traiçoeiro tapinha nas costas dele, como nos bons tempos. Meu vizinho também passou por nós, este sem nenhum afago. Dei com a mão. A morena de saia voltou, e secou o canto do lábio inferior discretamente.

Bem perto, onde o beque que já trajou a camisa canarinho e o morador de um muro após eu trafegaram, apareceu uma sujeita. Branca, decote generoso de forma a mostrar parte dos seios, cabelos pretíssimos, enormes argolas nas orelhas e short curto (muito curto). Em fração de segundos um camarada maltrapilho parou e puxou papo. Pagou uma Sukita e ouviu, com todas as letras: “o cu, não”. Eu também ouvi. E não esquecerei da cena. E nem do dia.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Depois do amor

E depois do amor,
A gente encontrou
Edredom amassado
E cigarro apagado.

Queria, depois do amor,
Ver classe de atriz pornô.
Já eu podia ser até poeta,
Para rimar suor com festa.

Tanto faz rir, falar ou fumar,
Adormecer logo ou continuar.
Só não vale é ficar indiferente
Ao calor do nosso ingrediente.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Samba em mim

Ah, eu tô no samba,
Cenário cheio de bamba.
Samba de muita gente,
Que samba e nem sente.

Ah, eu tô no samba.
No gingado que inflama.
Tem mulata, tem loira...
E trabalhador rindo à toa.

Ah, eu tô no samba.
O ritmo me chama.
Aqui vim, aqui vôo.
Psicodélico, sim senhor.