Didi não se embrenhou na rede, não.
Pediu, pegou e se apossou da bola depois.
Veio quieto, com ela embaixo do braço, até o meio da quadra.
Impassível. Imponente. Príncipe.
Disse para Floyd: "Protege a Marielle, eles são covardes".
Ficou claro no primeiro ataque adversário, em que um atacante raivoso, deputado fortão do PSL, empurrou a goleira com a mão direita, impedindo-a de alcançar a bola. E comemorou o gol rindo, fazendo gesto de arminha.
Didi olhou fixo para João Pedro e Miguel.
Apontou as extremidades da quadra.
Genial, definiu ali a tática de jogo.
Ficou mais recuado, ajudando Floyd a preservar Marielle.
E liberou os garotos.
Foi um massacre.
Três de João Pedro, que só sorriu.
Dois de Miguel, serelepe. Acenou para as câmeras e a gente da TV, que filmavam tudo ali. Expurgou: "Mãe, tô feliz".
Didi, de longe, fez o sexto.
E Marielle, se livrando de um miliciano que a mirava, num chute espetacular de sua área, fechou o 7x1.
Os negros, ah, eles devolveram nossa dignidade. Tinha de ser.
E será.