segunda-feira, 15 de abril de 2024

Estacionamento

Ando com poesia no carro
Em asas de tempo e vento
Num asfalto eu me esbarro
Trago em mim sentimento

Bebi, morri e vivi
Somos nós em ti
Olhei e te socorri
Não menti, me vi

Caminho com sorte e vida
O anjo que lambe a ferida
Pavimento num olhar único
Um jeito torpe, quase cínico

Bebi e socorri em ti
Te juro que eu morri
Vivi, olhei, não menti
Somos o que eu te vi

terça-feira, 2 de abril de 2024

Fevereiro, dia dois infinito

Eu sou Pousada do Marujo pousado em você...

A Vila Velha renovou Campos e um Rio das Ostras.

Tocou Leoni, tocou Zeca Baleiro... vc me tocou. 

O que seu Édson percebeu, de Belém, foi nosso ar condicionado. 

Nossa temperatura na pele. Nosso engarrafamento entre nós. 

Uma Águia Branca me guiou até sua enxurrada de delicadezas. 

Somos ágeis em perceber que objetos viram personagens.

E que a vida real é envidraçada como o olho azul do seu, do nosso gato Dudu.

E nosso também é o Carone, esse supermercado com aura italiana que te avizinha.

Você tem até, ao lado, a Sagrada Família fã de música sertaneja. 

A gente vê, ouve, ri... A gente é a gente sem limites, distância que seja.

Sei lá se o Papa é Pop.

Eu levei um tiro à queima-roupa quando te vi.

E Humberto Gessinger batizou. 

Então, loira, há curvas na estrada. 

Há isca e anzol entre nós. 

Lado a lado, como as conchas que vc coleciona.

Madrepérola é nosso encontro.

A vida me reservou vc.

E esse presente é pra sempre.

Te amo!

Feliz dois eternos meses.

terça-feira, 26 de março de 2024

Azul e vermelho

A chave está ali, muito bem posta. Com a maçaneta, são uns 90 graus.  Mais ou menos pra lá, não importa! São só, e apenas isso, os números. 

Chama a atenção, mesmo, é a porta.  Entreaberta, como parece o mundo. Há, ali, um gatinho e uma banqueta. Vejam bem: pendurado, um absurdo.

Luzes, as cores, tudo vive em volta. E quem não respira no submundo? Madeiras, luminárias e reviravolta... O que você não disse, eu, só, mudo.

domingo, 24 de março de 2024

A gente não é

A gente não é todo mundo. 

A gente é sabor e saudade. 

Saudade desse gosto todo. 

Desse mundo só da gente.


Não se esquece disso, não!

E lembre-se desse vaivém.

A gente é até a contramão,

Um retalho que não se tem.


A gente percorre as horas, 

Uma viagem nessa vida.

Sem ponteiros e demoras,

A passagem é só de ida.

Coisa de casa velha

Se eu não tiver uma casa,

Posso me repousar em ti?

E se você me der uma asa,

Pouso sem querer em mim?


E, vamos lá, se eu for casa,

Talvez eu repouse em ti?

Mas e se você for uma asa,

Quem vai querer ter em mim?


Não, não tenho uma casa,

Nem repouso em mim e ti.

Você é e tem e tem sua asa!

Quer? Tem? Repousa em mim.



quinta-feira, 21 de março de 2024

Violão americano

Eu nunca tive um irmão 

A natureza se recolheu

Bambolê de sim ou não 

Um hiato vazio do céu 


A vida é contravenção 

E até aqui me percebeu

Presente bem na mão 

Minha chuva arrefeceu


Amar é brisa no chão 

Dar o que não recebeu 

José, tenha seu João 

Se não sente, não moeu



quarta-feira, 20 de março de 2024

Parabéns

 Há cinco anos eu estava aí..

Choveu.

Anoiteceu.


E a gente foi a gente.

A gente segurou a onda.

E a chuva. E a chuva da onda.


A gente sobreviveu como pode.

E entre janelas e portas.

Vocês estavam lá.


E vcs estão na resistência.

Na resiliência de vida,

Na paciência entre nós.


Comemorem e vibrem.

Sejam a mesma frequência;

Sejam, sempre, Paciência!

terça-feira, 12 de março de 2024

A mão esquerda

Oito. Oito e pouca. Quase nove da noite. Uma, duas, três Brahmas depois... Um olhar me atravessou. Era marrom. Eram marrons. Dois olhos. Duas luzes, duas possibilidades. 

Eu fitei. E namorei. Apaixonei de cara. Minha cara, minha metade, meu todo, parou bem perto. A gente se descobriu. Extravasei. A mão esquerda sobressaiu. E foi. E foi solo, só. 

A gente estava num quiosque. Talvez um trailer... talvez uma lanchonete. É, vamos chamar de lanchonete, encravada numa divisória de pistas. Quase uma pista única. 

Ali estávamos eu, o cliente; Júnior, uma espécie de faz-tudo; e Duda. Duda para quem ela assim se apresentava. Maria Eduarda, a mãe chamava, supus. Ela tinha brincos de corações. 

Duda, a dos brincos, brinca de receber as contas. E ainda atende. Júnior, serelepe que só, notou quando meu olhar fitou o dela. Ele viu aqueles olhos marrons a me marcar. E marcaram.

"Maria Bethânia, vem aqui", gritou silenciosamente Júnior. Não acreditei que aquela cadela linda, caramelo, tinha esse nome. Duda disse que o irmão se chama Caetano Veloso. 

Só posso estar num sonho da vida real. Comi meu "mata-fome" com a fome dos imortais. Que são "Gegê e Inácio", cães do irmão João. E eu sou amor. Amor de Dani. Das Vilas e das Vitórias.

sexta-feira, 8 de março de 2024

Balas pra Bob Marley

Passando pra te lembrar:
Que é meu o teu olhar.
Você tem esmeraldas...
Elas estão estampadas.

Passando pra te lembrar:
O meu sonho é te amar.
Você tem as espadas...
Eu tenho frases amadas.

Passando pra te lembrar:
Do meu sonho e do olhar.
Das frases até cantadas...
Em todo você: flechadas!

quarta-feira, 6 de março de 2024

Sumo em ti

Lavo, escorro!
Afago o entorno.
Espumo.
Me prumo.
Copo cheio.
E a vida veio.
Às vezes é infinito.
Às vezes é o grito.
Às vezes bancada.
Às vezes desarmada.

Pago, socorro!
O saber do erro.
Insumo.
Me uno.
Miragem, veraneio.
Sol desse recreio.
Às vezes é o não dito.
Às vezes é ar banido.
Às vezes descortinada.
Sempre, sempre, amada.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Labirinto de suspiros

Eu tô doido pra ficar te olhando com olhos de contemplação.

Feito um menino quando vê o mar pela primeira vez e lhe dá o coração.

Gosto da sua voz, aprecio sua elegância, sou apaixonado por nós.

A gente é praia, desde a areia até o rochedo, é água calma e mar feroz.


Você dirige bem você e eu, numa frequência rara e única. 

A gente prefere a gente, pessoalmente ou à distância, tudo indica.

Temos notícias, fatos, fotos e até fofocas e informações. 

Faz parte do DNA que cravamos, redemoinho de inundações. 


Leoni nos batizou, acho que Zeca Baleiro nos profetizou em Raul.

Eu sou, sim, um maluco beleza, ar de uma Vila Velha ao sul.

O norte, meu bem, transformamos em amor de gato de olho azul.

Ninguém é o que a gente é; nem sem tempo, nem cronometradamente nu.


sábado, 24 de fevereiro de 2024

O dinossauro que habita em mim

Eu não tenho o sobrenome que me dá orgulho hoje.

Meu pai tem, ou tinha, minha namorada possui. 

Sonhei com meu pai essa semana. Ele remava.

E a gente levava a vida em águas calmas.

Acordei, esses dias, pensando que a vida era lenta, como águas calmas.

Acho que nosso relógio corre, corre como correnteza.

E não é bússola, talvez nem relógio seja direito.

Porque o tempo, ah, esse cronometra a gente. 

Bate, morde. Assopra e acalenta.

Esse relógio da nossa vida gira, pulsa, resgata, afaga e afoga.

E o que é viver? É uma prova de 100 metros?

Maratona?

Ou é travesso travesseiro que te emoldura essa corrida desnecessária?

Às vezes estou ali, no estacionamento do Shopping. 

Às vezes sou flecha em ti, disparada em mim.

Ouço sua voz doce. Um bombom na noite. Um açoite. 

Ah, vc está aí.

Mas é tão aqui que me sinto. 

Me permito até falar do que não é. 

Me visto de você, me ergo.

Hoje a gente falou e eu me prometi a você. 

Eu sou um clichê, você é um doce.

Tanto que tem Souza, com zê, no sobrenome. 

E, sua linda, meu pai também tinha. Igualzinho. 

Eu não tenho, porque não podia ser seu parente, sendo você meu amor. 

Vou falar baixíssimo: tenho orgulho disso. 

É estufar o peito e gritar um gol. 

Um, dois gols.

Do Sousa, esse com ésse no segundo ésse, fazendo o segundo gol aos 45 do segundo tempo. 

Ah, esse nordeste, essa Paraíba de Elba e Zé Ramalho, lugar sem amarras. Sem Cruzeiro. Xô, Cruzeiro de um "Fenômeno" que perdeu o  jogo dessa noite. 

Mas o campeonato dessa vida minha tem meu pai. E tem você, seus Souzas lindos, não importa a grafia. Vale é a fome de viver. A fome do Tiago, só reduzi com uma Coca e um misto perto de casa. A gente é só um pouco de gás pra sobreviver; queijo, presunto e pão são.  Somos todos iguais nessa noite. Nessa terra. A terra que já foi dos dinossauros. Ele, o símbolo da cidade Sousa, dessa Paraíba que mora (ou deveria morar!) em todos nós. 

Pra você guardei o mais bacana de mim

Você é um presente que o infinito me deu. 

Um carinho do céu, um abraço de Deus.

E um singelo e eterno beijo de Maria. 

É fogo, paixão.

É o gelo da coca-cola.

E é fogão.

É coleção de óculos. 

É ver filme com binóculos. 

Invisíveis, intangíveis. 

Presentes no riso, na gargalhada. 

Você é como uma ótima piada.

Que a gente não esquece. 

Da qual a gente não adormece. 

E que a gente quer pra boca, pra sorrir a alma.

E pra deixar a vida leve, totalmente calma.

Você me dá a segurança que não tenho;

O amor que não compartilho...

Vou pra onde?

Pra onde você me levar;

Pra onde eu só vá.

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Se gostei...

 O dia amanheceu cinza.

Seis e quarenta de uma manhã nublada pela cortina branca do quarto. 

Algumas tatuagens suas me marcaram como o sol que não chegou. 

E tua pele, essa foi como o reflexo das ondas do mar na vidraça.

Teus olhos esmeralda, envidraçados pela moldura do momento, assentaram. 

Eles são. 

E serão faróis.

Me guiam.

Me cegam.

Me levam.

Me ensinam.

Dois, três lençóis depois, a gente era café.

E fé no que não vimos.

E só no que sentimos. 

Um pão integral com queijo. 

Uma xícara com seu beijo.

Ah, vasculhei meu Zap depois. 

Não encontrei o que fomos nós dois.

Nem acharia no infinito. 

Mas estava escrito:

Um riso resumido,

Uma conexão abissal.

De repente veio uma personagem: "Selma Castiçal"...

Mas a gente reza?

O que a gente preza?

A gente é uma forte chuva?

A gente é caroço ou uva?

Sei que é original. 

Sei que é sabor de bolinho de bacalhau.

Mas era era filé com fritas.

Era areia do mar, rua, águas infinitas.

A gente chama o garçom...

Vem tua história, tua mutação, teu dom...

O cara se apresenta como "Júnior Tigrão".

Pinta a rima pobre de sim ou não. 

E você é ouro, é minério!

É Pará, São Paulo, Bêagá!

Desvenda teu mistério. 

Vem pro meu mundo. E já!

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Pontual

Acho que você até não existe;
Não aqui, aqui na minha frente.
Só que a gente, a gente insiste;
Numa conexão sem um limite. 

Acho que não vou te absorver.
Mas como não me reverter?
É tentar ir, ir, ir, ir... e tentar ser;
É um salto no escuro, é viver! 

E o que é o não conhecimento?
Se, não, um ativo do momento?
Estou aqui, me vendo (!) atento.
Estou aí, pra somar movimento.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Cinco centavos

Ter você foi um bom sonho em inglês
Tive paciência, acho que fui cortês
A gente foi pacote Premium
Fomos até dois enquanto fomos um 

Demos risada da vida e dos outros
Os dias não passavam até novos encontros
Teu edredom virou minha morada
Andei de mãos dadas, te chamei de namorada

Sim, esse é o momento da despedida
Como um domingo que marcou minha vida
Hoje seria um dia pra te encontrar
Amor, não olhe pra trás, vá bailar

Agora a folha caiu longe da árvore e não voou
Eu estava aí, mas o vento da noite me levou
Vou guardar as fotos com carinho
Vista sua roupa e deguste seu vinho. 

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Acelerou

O pé engessou
O café esfriou
O carro não pegou
A rua me enganou

Tem dias
que só no
outro dia
mesmo

O trampo não engrenou
A cerveja esquentou
O cartão estourou
A confusão me manchou

Tem dias
que só no
outro dia
mesmo

Mas comemoro gol
Porque você ficou
A gente se marcou
E eu te vivo, e eu estou

Tem dias
que só no
outro dia
mesmo

Obs. - Parceria com Marcelo Benjá

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Aquários

Eu me vi nos seus olhos
Com razão, vidrados
E até embaçados 

E me senti numa nuvem
Acho que eu sou você
E o contrário não é clichê 

Quando você encosta em mim
Me diz que é sua alma
E eu digo sim

Nosso nunca é pra sempre
E vou desembrulhar
Meu presente 

Assim, a gente fica junto
Num relógio atemporal
E nosso tempo é Carnaval


terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Ano, seu insano

Encontrei quem não quis
E também quem refiz
Tingi dores
Fugi de cores

Ano, seu insano 

Fui a São Paulo e ao Rio
Congelei no calor, suei no frio
Escrevi, me fotografei
Não me guiei, me atropelei

Ano, seu insano 

O Botafogo me decepcionou;
O Goytacaz me cortejou
Meu esporte favorito foi viver;
Morei em bares, embebedei de prazer.

Ano, seu insano 

Os filhos chegaram a idades emblemáticas
Dez, dezoito e vinte e um
Dias bons, horas ruins, vivências e práticas
A xerox do futuro incomum

Ano, seu insano 

Perto do fim meu mundo enfeitiçou
Vi um ótimo casal se formar
Na intensidade juvenil de quem nunca amou
Torço pra que sejam sempre sol e mar 

Ano, seu insano

Até o mais improvável comigo aconteceu
Ando agora de mãos dadas, você e eu
Me descobri de novo: só seu
Dois mil e vinte e três: o ano pra chamar de meu

Ano, seu insano 


sábado, 23 de dezembro de 2023

Sugestões

Não vou molhar meus pés
Nem na chuva, nem no sol
Ouço e mudo os decibéis
A dúvida guia meu anzol

Se não me vestir agora
Você sabe a gota que é
Mas se tua mão demora
Cruzo o dia, engato a fé

E se um guardanapo voar
Não serei eu a desmentir
Ele vai chegar e te avisar
Que eu já vou me consentir