Eu acho muito bom
Quando a pessoa é
Floral no certo tom
E luz, luminária e fé
Eu acho a vida ouro
Quando a gente quer
Um desafio certeiro
E você, e o que quiser
Eu te vejo olimpíada
Quando não retalha
Flecha em disparada
Musa-mulher medalha
Eu acho muito bom
Quando a pessoa é
Floral no certo tom
E luz, luminária e fé
Eu acho a vida ouro
Quando a gente quer
Um desafio certeiro
E você, e o que quiser
Eu te vejo olimpíada
Quando não retalha
Flecha em disparada
Musa-mulher medalha
O tempo, esse espasmo
Parece até que a década
Estacionou, um marasmo
Rejeitou subir a escada
Para Renato, da Legião,
Eu era lobisomem juvenil.
Um carimbado quarentão
Admirando o céu de anil.
Crianças, vieram muitas
E poderiam ser até mais
Sorrisos, lágrimas, tintas
Tão longe e perto demais
A gente mal ri da vida,
E ensaiamos versos.
Essa estrada desmedida,
Brincadeira de inversos.
Um mero sopro qualquer
Guia nossa terna manhã.
Aquele abraço de mulher
Me diz: homem, sou sua fã.
Tenho aqui um chapéu;
E batom, e você em mim.
Um molejo, riso, um véu...
Teatro, aplauso e... fim.
Um passo certeiro e o olhar cravejado de precisão, tal qual falcão, são o bastante para ajeitar, carinhosamente, o piso quebrado na quina do primeiro degrau de casa. Não é para evitar queda dele. Sabe, do alto de sua experiência adolescente, que aquilo representa perigo. E possível corte. Corte de pé. E daquele que sempre lhe ensinou como caminhar. É pelo pai xará, não rara coincidência, que toma a providência. Se porta como filho zeloso, sabedor, do fundo d´alma, que os papéis se inverteram. Ah, e como isso mudou. Não é mais o pimpolho. Agora, e pra sempre, tem o caminho e a chave da porta da frente.
Balança a cabeleira, solta ou presa. Importa pouco onde os fios se posicionam. Ele intui onde estão, amarrados ou ao vento. É a representatividade dele mesmo: menino-moleque, adulto-coragem. As mãos mantém a firmeza necessária. A fala denuncia o ar jovial, o sorriso quase infantil. A meia-idade na carteira, a vivência certeira de quem ainda não viu tudo, mas antevê. E a visão está lá, no púlpito e no altar. No sacro e profano, sem profanar. São os dedos que conduzem as cordas. E elas não arranham. Não ultrapassam o limite do convencimento. Qualquer que seja. Onde esteja. E para quem veja.
No jogo de cintura matreiro, o drible é certo. O gol é questão de tempo. E o cronômetro é seu aliado. O abraço incontido, a efusividade dos hormônios... Tudo isso passa. Ele sabe que passa. O que fica é a alegria saltitante. Sempre. Mesmo no olhar mais profundo, no acorde mudo. Na interrogação da pausa, na persistência da batida perfeita. Pelas digitais ecoam múltiplas emoções. Algumas administráveis; outras, não. O que não tem conversa, nem titubear de ação, é a velocidade com que ajeita o piso quebrado na quina do primeiro degrau de casa. Vai lá, garoto! A escadaria da felicidade te espera. E te merece.
Dormi sabendo que teria de levar o carro hoje cedo na concessionária por conta de uma pane no conjunto de setas identificada semana passada. Até que um pequeno parafuso colocado estrategicamente para estancar o problema "voasse longe", tudo estava sob controle. Para que o pisca-alerta não ficasse ativado a noite inteira, duas chaves foram fincadas ao redor dele, presas a uma argola, ligada a uma cordinha amarrada ao volante. A bateria não descarregaria.
Sono tranquilo? Longe de mim. Talvez estimulados por duas Originais bem geladas e uma pizza gordurosa de margherita, pesadelos me rondaram. No mais assombroso deles, inventei meu próprio meio de transporte: um macacão plástico amarelo, onde cabiam duas pessoas, movido a 100 ml de Skol e acionado por uma vareta branca nas costas. A esquisitice se movia com os passageiros sentados em uma plataforma de madeira com duas rodinhas. Parecia um skate.
Quando um feixe de luz solar dos anunciados 40 graus para esta quarta-feira em Campos invadiu a cama, pulei. Eram 7h15, mais ou menos. Só então reparei que meu telefone tocou duas vezes às 23h22. Impossível retornar ligação de número restrito. Banho rápido, duas goladas em um refresco de tangerina e já estava eu dentro do veículo, desatando o nó. Foi rápido. Demorado seria o trajeto até a Fiat com as luzes piscando o tempo inteiro pelo infernal trânsito local.
Segui devagar, como manda a prudência nesses casos. Até que na esquina de Rua Saldanha Marinho com Ouvidor avistei aquela que poderia ser a explicação irracional, inesperada e inusitada para meu sonho de Professor Pardal. Em pé, um sujeito com o corpo pintado tipo o "Freddie Mercury Prateado", do Pânico na TV. Trajando um casaco feito de... tampas de latas de refrigerante e/ou cerveja. Sinal verde, não tive tempo de fotografá-lo.
Precisei parar no Itaú para fazer uma transferência bancária. Em dois caixas eletrônicos não havia papel para imprimir o comprovante. Só consegui efetuar a transação no terceiro. Esquisito! Cheguei, finalmente ao destino. Como sempre fui atendido de forma atenciosa por uma loira simpática com quem trato os assuntos do veículo. Já no trabalho fui recepcionado por uma música: "Alô, alô Marciano", com Elis Regina. Sabem o que isso tudo quer dizer? Nada!
Ok, vocês ganharam
Mas não me rendo, não
É resultado do que plantaram
Não tem amor nem alma, não
Ok, vocês chegaram
Mas não contem comigo, não
É só o que queriam, vislumbravam
Não tem charme nem chama, não
Ok, vocês assumiram
Mas não me contento, não
É só faca cega, cantaram
Não tem cântico, ou não