domingo, 29 de abril de 2012

E nos teclados...


Saudade de registrar seu sorriso
Num momento indeciso.
Lembrança boa do seu andar,
E de me enxergar no seu olhar.

O garçom não chegou?
O relógio parou?
A cerveja esquentou?
A carne esfriou?

Não lamenta.
Não esquenta.
A gente comenta,
E não se contenta.

Você pensa em trabalho,
Eu procuro um atalho.
Não bebe água ou vinho,
Sirvo um drink de carinho.

Se o celular tocar,
Tenta ignorar.
Na métrica ou na literatura,
Pode sanidade e loucura.

Tem sua pele, eu vou;
Tem seu cheiro, chegou.
De noite ou de dia,
Chuva ou ventania.

Desejo ou simpatia,
Silêncio ou energia.
É hora, tenta.
De madrugada, inventa.

Quando o amor é amizade,
A gente se vê de verdade.
E se aumenta a paixão,
Não tem roupa nem razão.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Teu gosto

Gosto da paisagem do seu sorriso;
Da parte que remete ao paraíso.
Gosto de te fazer me ouvir;
De te fazer me pressentir.

Gosto da sua blusa pólo preta;
Do papel que esqueceu na gaveta.
Gosto até do brinco que você não usa;
Gosto quando você me abusa.

Gosto muito do seu jeans claro;
Do seu olfato raro.
Gosto de você em calçado alto;
Quando não desce do salto.

Gosto da sua perna;
E quando a paixão é eterna.
Gosto do teu cabelo jeito que for;
Gosto do seu calor.

Gosto do teu silêncio consolador;
Da tua palavra com frescor.
Gosto, claro, dos prazeres;
Gosto de me quereres.

Vai ficar boba não;
Tem insônia e tem razão.
Sem juízo ou pecado;
E se pecar, tá perdoado.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Devassidão


Eu queria pele em exagero;
Me enganar o dia inteiro.
Enfeitiçar seu olhar...
Te procurar e achar.

Eu queria vida sem atalhos;
Cortar árvore, deixar galhos.
Queria a voz do locutor
E ferida sem ardor.

Eu queria água pra beber
E tua boca pra saber.
Queria gol de bicicleta
Sem a melancolia do atleta.

Eu queria só noite,
Carinho sem açoite.
Eu queria palavra escrita,
Frase não dita.

Queria cores
E deleite dos amores.
Queria carro que corre,
Lágrima que escorre.

Planta que cura,
Rua sem amargura.
Queria ar condicionado,
Fé de aficcionado.

Eu queria ser a internet,
Queria glamour de vedete.
Eu queria os sabores todos,
O charme sem engodos.

Queria resumir,
Eu queria fluir.
Queria fugir,
Ou interagir.

Queria o sonho dos justos,
A homenagem dos bustos.
Queria ser super pai, super filho;
Queria silêncio, achei barulho.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Da janela

A gente pode falar de mim, ou de você
Dá curiosidade, vontade de saber

A gente pode falar das flores
E dos sabores dos amores

A gente pode fazer carnaval
E pendurar as fotos no varal

A gente pode cantarolar
E se permitir desafinar

A gente quer até viver
E não tem vergonha de sofrer

A gente teima em aprender
Que somar não é perder

A gente conta histórias
E fantasia as memórias

A gente se enrosca
A gente se destroça

A gente escreve da gente
E até ri, saliente

A gente se for diferente
Vai dormir, contente

terça-feira, 3 de abril de 2012

Do que não se fez


Eu prefiro curar ferida
Que inflama

Eu prefiro ouvir
Voz que reclama

Eu prefiro o chão
Do que a cama

Eu prefiro galã
Que não ama

Eu prefiro o fogo
Da chama

Eu prefiro o vento
Que a brisa

Eu prefiro o sinal
Que avisa

Eu prefiro o dente
Que alisa

Eu prefiro o som
Que enfatiza

Eu prefiro carinho
Que batiza

Eu prefiro o peso
Da letra

Eu prefiro lápis
À caneta

Eu prefiro silêncio
À corneta

Eu prefiro a porta
Com maçaneta

Eu prefiro leite
Que vem da teta.