quarta-feira, 27 de julho de 2022

Deus te ouça, Violeta!

Viver no passado é o que há de mais presente em Giu de Souza. Ele nasceu há 10 mil anos atrás. Não foi criado. E se criou com a gente, agora, agorinha mesmo. Giu é rebelde a ponto de ter o ú como última letra do primeiro nome. Abdicou do éle, desde sempre, porque não veio da Bahia, não. É daqui, de Campos dos Goytacazes. Do arco e flecha.

Ah, e como esse rapaz, nem tão rapaz assim, se tempo presente se fizesse presente, a gente conseguisse identificá-lo. E domá-lo. Tarefa impossível para quem sempre resistiu a seu tempo. E o tempo todo. E ao tempo todo. Ele não é, nem nunca foi, repetidas vezes falaremos, desse tempo. É de um tempo lúdico, perspicaz, voraz e tenaz.

Giu vive, sobrevive, resiste e não desiste. Não é de rimas fáceis e tolas, não. É do timaço local que sempre teve talentos aos borbotões. Talvez de uma escola que junte, nas carteiras de mesma fileira, Cartola, Wilson Batista, Evaldo Braga, Délcio Carvalho e Geraldo Gambôa. Dá pra sambar? Pra Giu, sempre, desde sempre, sempre deu.

E vai além: namora com folk, rock, black, reggae, MPB. Flerta com jazz. Com samba-jazz. Ele e sua voz bebadamente rouca. Seu jeito timidamente estrelar. Lançou-se, finalmente. Revelou-se ele. Não tem volta. Não aceitamos devolução. Está no Youtube, pra quem quiser. E a gente quer. E quer mais. Venha, Giu, com o que você quiser. Venha!!!

segunda-feira, 11 de julho de 2022

Dias de Fevereiro

Quando meus amigos libertinos
Passarem a pé e a sós na sua rua,
Em câmera lenta vão cantar dois hinos
Com o mesmo refrão: "ele gosta só dela".

Sem medo a seco, nem mar escancarado,
Guetos urbanos guardam a surpresa;
Num Cordel, você vai dizer: "Bem-Vindo"!
Como será amanhã se a gente não tiver pressa?

Doce amargo, amor ou um rock?
Tive dúvidas sobre a despedida.
Mas a tarde livre me deu um toque,  
E acordei com a sua imagem refletida. 

domingo, 10 de julho de 2022

Errata

Você escolhe sempre as palavras.
Eu concordo só com o silêncio.
E eu concordo com as estradas.
Você escolhe o caminho vazio.

Você escolhe a previsão do tempo.
Eu concordo apenas com a chuva.
E eu concordo com o apartamento.
Você escolhe o caroço da uva.

Você escolhe a régua da paixão.
Eu concordo em trocar o edredom.
E eu concordo em ficar sem chão.
Você escolhe a música e modula o tom. 

segunda-feira, 4 de julho de 2022

Metiê

Lembre-se de minha saudade ao café.
E durante a manhã, não se esqueça dela. 

À tarde, veja se na sombra o sol tem fé.
Ou se o mar é só uma lâmina paralela.

Lá vem o café, a manhã, a tarde e o sol pra mim.
Lá vai a fé, o mar, a lâmina e o gosto de sim.

Lembre-se de se lambuzar com o silêncio.
E durante à noite não beije um acorde frio.


Dedilhado

Se você tiver um ombro
disponível, me empresta?
Prometo olhá-lo só com a
lente lenta que me resta. 

Se você tiver uma espada
cega e crua, me espeta?
Prometo não gritar que
essa máscara não te presta.

Se me chamar de amor ou limbo,
por favor, te exclua.
Prometo não desenhar o sol,
nem vestido branco de lua.