sexta-feira, 23 de maio de 2014

Bula

Amor que não faz perder o sono, não é amor.
O verdadeiro, puro e sereno, é todo torpor.

Amor que não alvoroça os pelos, não é amor.
Pode ser até amizade ou ciúme, não descongelou.

Amor que não treme a pele, não é amor.
O natural penetra a derme, inflama de calor.

Amor que não tatua digital no peito, não é amor.
É sentimento de pouco gosto, mal feito e menor.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Revival

É tão estranho

Não andar de Fusca branco.
Não ver as moças de tamanco.
Não ouvir fita k-7.
Não "homenagear" a vedete.

É tão estranho

Não pintar com lápis de cor.
Não apreciar o sol se pôr.
Não calçar um All Star.
Não ter futebol de botão pra jogar.

É tão estranho

Não ser mais quase criança.
Não ter perdido a esperança.
Não fazer bola de meia pra chutar.
Não ter sonho adolescente pra sonhar.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Batuquê

Que azar, fui eu ou não;
Deslizei, driblei a razão.
Disse sim, voz e violão;
Diz que sim ou não, então.

Assopro do impulso ou chão.
Dia de partida, corrimão.
Te refez da chegada o sopro;
Me fez da partida engodo.

Desses olhos miro a vida,
Nessa lábia seca desmedida.
Do ruído liso treme o som;
Na veia do pulso sobe o tom.