quinta-feira, 28 de março de 2013

Repente


Guardanapo bom cabe palavra,
Palavra de tinta de caneta azul.
Azul piscina, azul mar.
Mar de rosas, rosas sem espinho.
Espinho que roça a pele,
Pele que toca a pele que toca.

Ideia boa faz todo sentido.
Sentido que não é reprimido.
Reprimido fica o detalhe,
Detalhe quando é, apenas.
Apenas duras penas, que pena;
Pena que voa livre.

Moça boa não faz ensaio;
Ensaio que é bom, fica.
Fica o sorriso, liso, liso.
Liso cabelo escorrido,
Escorrido feito cerveja gelada.
Gelada alma, instinto quente.

Pingo de chuva boa desce.
Desce que escorre na gente.
Gente que sente, que vibra;
Vibra pelo outro, outro dia.
Dia todo, o tempo é ilusão;
Ilusão da distância, essa vírgula.

Quase infantil


Por que os olhos correm?
Por que as pernas fogem?
Eu só queria te ver de novo
Eu só queria um pouco

Por que palavras morrem?
Por que as mãos escorrem?
Eu só queria te ver um pouco
Eu só queria de novo

Se gostei de querer
Nada explica o porquê
Estou pensando em você
Até a luz acender

Se gostei de você
Até a luz acender
Estou pensando por que
Nada explica querer

Lápis de cor


Tá combinado
Não uso mais borracha
Para apagar o que você mancha

Tá combinado
Deixe a cadeira vazia quando quiser
Mas me empreste seu sorriso, se puder

Tá combinado
Falte à aula de educação sentimental
E apresente uma lição virtual

Tá combinado
Nosso olhar atrevido e maroto
E esse gosto pelo nosso gosto

Tá combinado
Se eu marcar a resposta errada
Você continua na arquibancada

Tá combinado
Registre meus erros de grafia
Em seu álbum de fotografia

Tá combinado
Vamos brincar de ciranda,
Comer os doces da quitanda

Tá combinado
Dia após dia, seja o que for
Pinte alegria e lágrimas com lápis de cor

Endereço


Nem jovial como bala soft,
Nem boçal como general,
Nem trivial como eu e você.

Somos sentido estimulante;
Somos universo de diamante.

Nem arrebatador como Chico,
Nem vencedor como cálice,
Nem semeador como palavra.

Somos amigos, é o bastante;
Somos nós, somos instante.

Cena urbana


Louco joga tudo pro alto;
Tem prazer na beira do asfalto.

Louco é quem chama;
Critica, bate e ama.

Louco é quem usa;
E se satisfaz enquanto abusa.

Louco é quem sustenta;
Pede pra voltar e não aguenta.

Louco acelera o carro;
Porque gozou no sarro.

Louco deixa a carteira;
E paga a vida inteira.

Louco nem compra direito;
Louco, louco mesmo, quer respeito.