"Ô Sílvia, tô aqui com o poeta".
Era assim que Eduardo avisava a esposa quando estava em minha companhia.
Mas poesia, poesia mesmo, foi a vida dele.
Em especial a relação com a mulher.
Um amor que atravessou décadas, cidades e estados brasileiros.
Do pouco que sei, disse a ele um dia que daria um belo livro.
Já a história completa, tenho certeza, encheria todas as prateleiras de uma biblioteca.
Eduardo leu a vida por uma ótica própria, determinada e corajosa.
Era advogado por formação, mas o que defendia, mesmo, é que a vida é pra ser bem vivida.
E com os seus, em qualquer situação ou endereço.
O conheci no balcão e logo migramos para a mesa.
Foi num lugar na rua da minha casa e perto da residência dele, em Campos dos Goytacazes.
O nome oficial é Bar e Restaurante Cana e Café.
Todo mundo conhece mesmo como "Bar do Sidney", o "Highlander" Sidney.
Sidney é mesmo um guerreiro imortal, que enfrenta as máquinas sentado três vezes por semana.
E ganha delas toda vez.
Dá goleadas com força, como foi a do Flamengo dele sobre o Vasco ontem.
E ainda trabalha.
Trabalha todo dia.
Lá, nesse ambiente familiar e de incrível superação, o bonachão são-paulino Eduardo conquistou minha admiração.
Sabe um sujeito bom de papo e de copo e, ainda, simpático?
Assim era o paranaense com mais jeitão de carioca que eu conheci.
Rimos muito, bebemos bastante e nunca discutimos.
Foram horas inesquecíveis, meu amigo.
Que vou guardar com muito carinho.
Como aquela vez que a gente se encontrou, por acaso, em Itaperuna.
Uma surpresa daquelas muito bem-vindas.
Talvez um pequeno recorte e um batismo do que foi nosso contato.
Ontem à noite eu soube que você não estava mais entre nós.
A primeira reação foi de incredulidade; a segunda, de choro.
Hoje cedinho pude dar um abraço em Sílvia.
E, assim que for possível, estarei lá no "Bar do Sidney".
Vou tentar sentar na sua mesa.
Se conseguir, porque a emoção vai ser grande.
E aposto que ouvirei de novo (pelo menos em pensamento):
"Ô Sílvia, tô aqui com o poeta".
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