sábado, 24 de fevereiro de 2024

O dinossauro que habita em mim

Eu não tenho o sobrenome que me dá orgulho hoje.

Meu pai tem, ou tinha, minha namorada possui. 

Sonhei com meu pai essa semana. Ele remava.

E a gente levava a vida em águas calmas.

Acordei, esses dias, pensando que a vida era lenta, como águas calmas.

Acho que nosso relógio corre, corre como correnteza.

E não é bússola, talvez nem relógio seja direito.

Porque o tempo, ah, esse cronometra a gente. 

Bate, morde. Assopra e acalenta.

Esse relógio da nossa vida gira, pulsa, resgata, afaga e afoga.

E o que é viver? É uma prova de 100 metros?

Maratona?

Ou é travesso travesseiro que te emoldura essa corrida desnecessária?

Às vezes estou ali, no estacionamento do Shopping. 

Às vezes sou flecha em ti, disparada em mim.

Ouço sua voz doce. Um bombom na noite. Um açoite. 

Ah, vc está aí.

Mas é tão aqui que me sinto. 

Me permito até falar do que não é. 

Me visto de você, me ergo.

Hoje a gente falou e eu me prometi a você. 

Eu sou um clichê, você é um doce.

Tanto que tem Souza, com zê, no sobrenome. 

E, sua linda, meu pai também tinha. Igualzinho. 

Eu não tenho, porque não podia ser seu parente, sendo você meu amor. 

Vou falar baixíssimo: tenho orgulho disso. 

É estufar o peito e gritar um gol. 

Um, dois gols.

Do Sousa, esse com ésse no segundo ésse, fazendo o segundo gol aos 45 do segundo tempo. 

Ah, esse nordeste, essa Paraíba de Elba e Zé Ramalho, lugar sem amarras. Sem Cruzeiro. Xô, Cruzeiro de um "Fenômeno" que perdeu o  jogo dessa noite. 

Mas o campeonato dessa vida minha tem meu pai. E tem você, seus Souzas lindos, não importa a grafia. Vale é a fome de viver. A fome do Tiago, só reduzi com uma Coca e um misto perto de casa. A gente é só um pouco de gás pra sobreviver; queijo, presunto e pão são.  Somos todos iguais nessa noite. Nessa terra. A terra que já foi dos dinossauros. Ele, o símbolo da cidade Sousa, dessa Paraíba que mora (ou deveria morar!) em todos nós. 

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