segunda-feira, 11 de maio de 2020

Meu nome não é Erasmo

A ideia de fazer a "Noite do Vinil" no Teatro de Bolso partiu de Wellington Cordeiro, ganhou adesão de Romualdo Braga e convenceu Márcio de Aquino.

A empreitada tinha conceito estruturado: a plateia deveria ficar acomodada nos assentos sem qualquer remelexo, de modo a degustar cada nota musical espetada pela agulha do toca-discos.

A playlist enfileirou pertencimentos campistas como a ginga de Eli Miranda, a efervescência dos Avyadores do Brazyl e a violeta bossa trip de Giu de Souza.

Último dinossauro na floresta, coube a Márcio fechar as cortinas do intimista espetáculo de culto à arte local.

Já sem público e com os parceiros de aventura a léguas, se preparava para deixar o oraviano espaço após armazenar seu tesouro afetivo na garupa da bicicleta quando ouviu de Alex: "nós três vamos ter que dormir aqui, ninguém mais pode sair de onde está por causa do vírus".

Atônito, não compreendeu de imediato a referência do bilheteiro também à Layla, economista formada pela Cândido Mendes que, desempregada, vendia doces caseiros no hall. 

Brigadeiros aplacaram a fome do trio.

A moça, um ano mais velha que Alex e crush dele, percebeu que Márcio guardava semelhança com...

- Me chamam de Erasmo, principalmente um conhecido meu metido a poeta.

Revelando-se ex-aluno do Liceu e torcedor fanático do Campos, Alex quis saber um pouco mais sobre o balzaquiano que acabava de impressionar.

- Sou apenas um investigador dos deslizes humanos, surrupiador de pequenos enganos e que conjectura em Tarati Taraguá.

Mal termina a pequena autobiografia, Márcio recebe um zap.

Era Moraes Moreira, pedindo para ele revisar um cordel sobre tentativa de volta da ditadura militar e fake news em tempos de pandemia.

O título sugeria rebeldia e resistência: "Chicletes e prazer".

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