domingo, 22 de setembro de 2013

Fica para depois

Domingo, perto das 11. Arranco fora o cobertor, desfaço-me do travesseiro, estico braços e pernas. Acordo corpo e mente. Vejo o baby mais novo, de quase cinco meses, abrindo a boca com risadinhas pré-banho. Dou uns abraços no pimpolho mais velho, perto de 11 anos e com erupções físicas e intelectuais de adolescente. A mulher, ainda numa lingerie sexy, verde água, convidativamente decotada, traça os passos para cuidar do pequeno. Dou duas goladas num açucarado suco de caju, feito na noite anterior e devidamente armazenado em garrafa plástica de um litro e meio para facilitar o sacolejo.

Faço a barba. Uso o novo perfume ganho de presente no dia dos pais. E dado por ela, minha mãe, para quem ligo informando sobre pequenos contratempos bancários. O filhote e a esposa decidem passar o dia fora, com a família dela. Todos vão se divertir de bom modo: ela com a algazarra dos parentes e eu com o silêncio do lar. Mamãe precisa ir, e vai, comigo à agência mais próxima. Utiliza, com meu prestativo auxílio, a recém feita biometria para pagar contas e sacar algum dinheiro necessário às despesas da semana. Devolvida ao aconchego do lar, relaxa.

Eu ainda exerço a tarefa de comprar pacotes de figurinhas do álbum do "Brasileirão", a R$ 0,90 cada, para o primogênito deliciar-se. E como ele gosta de descobrir as cinco imagens de cada saquinho, desprendê-las do adesivo e colar nas páginas dos clubes! Faz disso quase uma aula. Pergunta sobre jogadores, times, selecionados... Descortina um mundo novo. Pela didática do procedimento, não poupo em abastecê-lo. Eu jovenzinho e, confesso, até adulto com cabelos brancos no cavanhaque, aprecio o leva e traz de rostos, escudos e escalações. É simples e alegre como a infância.

Ele almoçou. Devorou arroz e pedaços de peito de frango feitos com primazia pela dona do lar antes de sair. Preferi abrir, sedento, uma long neck. Duas, três, quatro... E sempre a próxima mais gelada que a anterior. Beber em casa tem essa vantagem de poder administrar a temperatura da cerveja. Trabalhei um pouco, revisando e postando um texto na internet acompanhado da foto no devido tamanho. Com os neurônios inspirados, resolvi escrever uma crônica. Mas agora faltam pouco mais de 10 minutos para começar o jogo do Botafogo. Fica para depois. Obrigado.