terça-feira, 28 de maio de 2024

Valeu, Washington Rodrigues

Uns bons goles regaram parte da minha noite. Num bate-papo descontraído e, ao mesmo tempo, leve e profissional.

Eu e meu colega de trabalho/amigo/irmão Ed Meirelles balbuciávamos a vida e pré-desenhávamos o futuro. 

Secamos o Flamengo enquanto molhávamos a garganta.

Ele, com coca-cola; eu, banhado no amarelo álcool de vários chopps com um pequeno colarinho.

Coisa de um, dois dedos. No máximo.

A medida da prosa, espumante que só, percorreu centímetros de criatividade.

E um universo de possibilidades. Foi num boteco, em Macaé, onde tudo se deu.

E se deu vendo o Flamengo, o não-time de ambos, golear bolivianos.

Era a Libertadores.

E no Maracanã.

E descobri, pouco depois, que, durante o jogo, uma luz apagou.

Um chute parou.

Uma torcida, a maior torcida, se calou.

Ou deveria, em cada um dos quatro gols.

Não foi uma noite pra comemorar o que deveria ser.

E não foi por um motivo emotivo: um coração rubro-negro, um enorme coração rubro-negro, deixou de pulsar aqui.

E, vejam bem, estou falando de um gigante.

Tão grande que reconheceu, em 1983, que o Flamengo dele perdeu "só" de 2x1 para o meu Goytacaz.

Era o disputadíssimo Campeonato Carioca da época, em que o melhor time do mundo, tipo um Real Madrid de agora, era derrotado, inapelavelmente, por um clube que tinha acabado de subir da Série B Estadual.

E da terra do Petróleo, com um gol, o primeiro, de um centroavante apelidado de...Petróleo.

Pois Washington Rodrigues escreveu, no Jornal dos Sports, tão rosa quanto as bochechas dele, que o Flamengo escapou de uma goleada em Campos.

Foi uma crônica de outro mundo de quem tinha o apelido de outro mundo: "Apolinho".

Washington, hoje o Flamengo goleou um time azul como o Goytacaz.

E você virou uma estrela. Uma estrela azul, que treinou o Flamengo dos sonhos que não saiu do papel em 1995, numa louca viagem onde você, talvez, tenha sido um passageiro sem rumo certo.

Mas teus comentários e tua leveza, assentados na inteligência, na ironia e num espírito bonachão, seguem nos conduzindo futebol afora, quatro linhas do universo.

Seja eternamente a luz que você sempre foi e irradiou, Washington Rodrigues.

Nenhum comentário:

Postar um comentário