Uns bons goles regaram parte da minha noite. Num bate-papo descontraído e, ao mesmo tempo, leve e profissional.
Eu e meu colega de trabalho/amigo/irmão Ed Meirelles balbuciávamos a vida e pré-desenhávamos o futuro.
Secamos o Flamengo enquanto molhávamos a garganta.
Ele, com coca-cola; eu, banhado no amarelo álcool de vários chopps com um pequeno colarinho.
Coisa de um, dois dedos. No máximo.
A medida da prosa, espumante que só, percorreu centímetros de criatividade.
E um universo de possibilidades. Foi num boteco, em Macaé, onde tudo se deu.
E se deu vendo o Flamengo, o não-time de ambos, golear bolivianos.
Era a Libertadores.
E no Maracanã.
E descobri, pouco depois, que, durante o jogo, uma luz apagou.
Um chute parou.
Uma torcida, a maior torcida, se calou.
Ou deveria, em cada um dos quatro gols.
Não foi uma noite pra comemorar o que deveria ser.
E não foi por um motivo emotivo: um coração rubro-negro, um enorme coração rubro-negro, deixou de pulsar aqui.
E, vejam bem, estou falando de um gigante.
Tão grande que reconheceu, em 1983, que o Flamengo dele perdeu "só" de 2x1 para o meu Goytacaz.
Era o disputadíssimo Campeonato Carioca da época, em que o melhor time do mundo, tipo um Real Madrid de agora, era derrotado, inapelavelmente, por um clube que tinha acabado de subir da Série B Estadual.
E da terra do Petróleo, com um gol, o primeiro, de um centroavante apelidado de...Petróleo.
Pois Washington Rodrigues escreveu, no Jornal dos Sports, tão rosa quanto as bochechas dele, que o Flamengo escapou de uma goleada em Campos.
Foi uma crônica de outro mundo de quem tinha o apelido de outro mundo: "Apolinho".
Washington, hoje o Flamengo goleou um time azul como o Goytacaz.
E você virou uma estrela. Uma estrela azul, que treinou o Flamengo dos sonhos que não saiu do papel em 1995, numa louca viagem onde você, talvez, tenha sido um passageiro sem rumo certo.
Mas teus comentários e tua leveza, assentados na inteligência, na ironia e num espírito bonachão, seguem nos conduzindo futebol afora, quatro linhas do universo.
Seja eternamente a luz que você sempre foi e irradiou, Washington Rodrigues.
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