terça-feira, 5 de novembro de 2013

Brilho só

Por que torcer pelo Botafogo?
Simples: é o clube da estrela solitária no jogo.
Identifica solidão.
E exclusão.
Misto de sobriedade com insensatez.
De serenidade com embriaguez.
Ela está lá, cândida.
Pluma no infinito e brinda.

Só, na arquibancada do Maracanã lotado.
No ônibus cheio, na sala de espera do médico, ao lado.
Na poeira do banco da praça, na gola da camisa.
No adversário e na brisa.
Solidão não tem cheiro, gosto, tato ou torcida.
Não se explica direito, é convencida.
Não está só; muitos tentam decifrá-la.
E a fazem companhia no desespero de acalentá-la.

Por conceitos próximos (ou não) da realidade.
Solidão é, por instinto, crueldade.
Mexe com a gente e estapeia.
Silencia.
Cala e consente.
Grita, onipresente:
“É meu time,
É meu time”.