terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Pra compreender

Veio com a pressa, mas veio devagar.
Como quem vai conquistando o lugar.
Me conta da sua poça e do seu pomar.
E de sua roupa, de como é seu andar.

Traz sua voz e seu jeito de encantar.
Tô aqui de bermuda, sem me arrumar.
Cabelo grande; o seu é só de amarrar?
Vou só escrever, você gosta de falar?

Vem aqui, vai, mas vem sem acelerar.
Pisa na embreagem; pensa em frear?
Caminha na areia e pula no meu mar.
Não tenha receio, querida, de tentar.


segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Pois é

A vida é
Mané
Pelé
E José

A vida é
Cabaré
Pontapé
E Igarapé

A vida é
Café
Filé
E Cafuné

A vida é


E Maré

A vida é
Acarajé
Banzé
E Olé


quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Eu não pude ir

Hoje não foi aquela noite
À distância, quase açoite
Tangi nosso mundo todo
Pus óculos, meu engodo

O alarme piscou, coitado
À sua luz e meu método
Vi claro o tom vermelho
E parti do último espelho

Você me quis desse jeito
Que me inquieta o peito
Chamou pra me permitir
E eu, perdão, não pude ir


quinta-feira, 24 de outubro de 2024

30 dias

Sabe quando a gente lê um texto e pensa em alguém?

E acorda pensando que aquilo nunca existiu?

Sabe quando a vida é da cor que a vida tem?

Sabe quando a gente vê o que ninguém viu?


Sabe quando o dia podia ser madrugada?

Sabe quando o brilho dos olhos é a luz da lua?

Sabe o que é praia em manhã ensolarada?

E quando minha boca encosta na sua?


Sabe quando toda estação é primavera?

E ouvir música tem som de amor?

Imagina o tempo sem relógio, quem dera!

Imagina não sentir frio ou calor?


Sabe quando pouco tempo é eternidade?

E teu cheiro perfuma a natureza?

Sabe quando te contemplar é felicidade?

Quando o entorno é painel da beleza?


Se eu disser que sei, posso acordar.

Então me deixa dormir.

Meu sonho não vai acabar.

Me faz feliz ver você sorrir.


segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Eh, leitor!

Eu gosto de ler você
Mesmo sem ter porquê
Há páginas pra te escrever
Com dedicatórias de prazer

Eu gosto de ler você
Na estante do querer
Grifar a frase que não lê
Virar a folha e prescrever

Eu gosto de ler você
Sou analfabeto que não crê
Um livro aberto e até buquê
Assinado: um leitor que te vê


terça-feira, 10 de setembro de 2024

Código de barras

Acho que sou sua companhia.
Só essa noite? Não sei se eu iria.
Falamos muito, pouco de solidão.
Alguém nos deixou na rua, bem na contramão. 

Eu não te vi agora, mas você vive.
Aplausos pra esse em que estive.
É o palco da nossa vida, da sua estrada.
Você quer saída ou entrega entrada?

Ah, meu bem, vou pro horizonte.
Ler, tomar cachaça, subir de ré o monte.

Isso tudo é porque ouvi um rock.
E tinha guitarra e cerveja, e ok.
Não vi você, querida imaginária.
Só a lâmpada, sem a amiga luminária. 

terça-feira, 3 de setembro de 2024

Três doses

Quando a gente faz trinta
A vida diz: tem pincel e tinta
É um aviso de como se fazer sorrir
Parece um alento, em preto e branco, do existir

Quando a gente faz trinta
A vida ainda não é clara, não imita
É um aviso do que não mentir
Parece um crédito próprio desse porvir

Quando a gente faz trinta
A vida, essa eterna amiga, é infinita
É um aviso da alma, do ir e vir
Parece um meio-fio do que a gente vai sentir


terça-feira, 27 de agosto de 2024

Dias de Mariana

O relógio girou rápido feito uma pestana.
E com os ponteiros da velocidade insana.
Bem intenso mesmo, mas não me engana.
Você é  pura força da natureza, desencana.

O tempo não é todo dia, nem é toda semana.
Se você vier, não me venha muito sacana.
Dê atenção e palco pra essa palavra leviana.
Peço pouco: cuidado e carinho bem à paisana.

Meu amor por ti, ah, você sabe: é nítido, emana!
Num filme lindo, a gente é até uma cabana.
Te protejo com sangue, suor, silêncio e gana.
Estou aqui, dez e meia da noite, Mariana!


segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Banco, uber e cuidador

Alvinho, pode me passar um dinheiro?
De preferência é um Pix, só no amor!
Vou adiantar aqui um lance maneiro.
Te agradeço por me fazer esse favor.

Alvinho, pode me levar bem logo ali?
É de boa pra você, super rapidinho.
Quando acabar te passo um Zap aí...
Vem depois me pegar, é tranquilinho.

Alvinho, quero ir casa de vovó Vera.
Vou ficar no computador e desenhar.
Papei. Não era pra deixar nada, era?
Vou ali no quarto de "Mimão" brincar.


Quer saber?

Estou me perguntando aqui por você.
A gente provou salgado e até o doce.
Eu sei que foi amor muito bem feito.
O dia seguinte é que nem sei direito.

Vou te guardar ao lado e comigo aqui.
E se tiver em dúvida, vem só em mim.
Eu sou da cama, você é o meu lençol.
E beije muito a bela isca desse anzol. 

A gente junto é a minha pura alegria.
Vem cá, para ser aquela pornografia.
Sem essa de lance ou compromisso.
Eu fico e você fica bem aqui, só isso.

terça-feira, 6 de agosto de 2024

Tudo que há

Se eu sonhar com alguém
De fios totalmente brancos
E me achar relógio e refém
Você me vê entre os flancos?

Se eu for fotografia, meu bem
De imagens fixas e descoloridas
Você me confessa e me detém?
Vê em mim aeroporto de vindas?

E se eu for só a sua sexta-feira?
Aquela, querida, depois do trabalho...
Será que posso achar que me queira?
Ou é, do nada, um impreciso atalho?

terça-feira, 30 de julho de 2024

Papo olímpico com Dona Neuza

 -  Vó, viu a foto do Medina?

-  Vi, estava sobre as águas. Quase um Moisés.

-  Vó, Moisés não estendeu o cajado e separou o Mar Vermelho?

-  Medina pairou a prancha, não te serve?

-  É, vó, só Jesus na causa!

-  E Jesus tem causas muito próprias. 

-  Fale mais sobre isso, vó...

-  Jesus amaria a Madonna. E ainda ia usar peruca ruiva da Lady Gaga no show de Copacabana.

-  Vó, é verdade esse bilhete?

-  Claro, você nunca leu a bíblia?

-  Mas vó...

-  Tá me achando a Dercy Gonçalves? Eu não sou anjo!

-  Vó, já pintaram uns demônios por aqui... 

-  Tudo Judas! Não leu a bíblia mesmo, né?

-  Vó, até li...

-   Leu Gênesis, até a página dois, como a grande maioria. Tomou a vacina? Sabe de Apocalipse?

-  Ah, vó... e se a gente fosse um filme do fim dos tempos?

-  Deadpool. Sem Wolverine. Nada de costeletas. 

-  Não curte barba, vó?

-  Uma penugem do Elvis, só. 

-  Fã do rebolado dele?

-  Prefiro Sidney Magal. 

-  Nada dos ingleses?

-  A língua do Jagger, os óculos do Elton, a voz de Mercury e o cabelo do Lennon.

-  E as letras do McCartney, claro...

-  Erro... texto é o do Renato Russo. 

-  Vó, ele é brasileiro...

-  Tempo Perdido essa discussão. 

-  Ah...

-  Um Faroeste Caboclo em Angra dos Reis. Legião é melhor que Beatles. Vocês viveram!

-  Vó, falando em música, curte Belo e Diogo Nogueira agora que você tá pagodeando aí em outro patamar?

-  Queria, nos tempos atuais, ser Gracyanne ou Paola, queridinho...

-  Vó, elas são... digamos assim, "musas fitness".

-  E você acha que eu tomava conhaque de alcatrão São João da Barra, como se não houvesse amanhã em Dr.Mattos, quando conheci Celso?

-  Ele era tipo José Inocêncio?

-  Praticamente. Um Renascer diário. 

-  Vó, não tinha novela...

-  Mas tinha Chaplin e Mazzaropi. Menos caricato. 

-  Do que hoje em dia?

-  Claro... 

-  Por que, vó?

-  Me imagina no Tinder?

-   Claro que não!

-  Dando um Match no seu avô, partindo pro Insta e parando no Zap?

-  Vó, vó...

-  A gente era, como Marina Lima escreveu um tempão depois, "Solidão com vista pro mar". 

-  O que isso quer dizer?

-  Que a gente coloria todos os dias com o sabor das manhãs.

-  Vó, isso é poesia.

-  A gente chamava de rádio. Um ouvia o outro. 

-  Era doce?

-  Um manjar dos Deuses. Um colírio para os olhos.

-  Mas, vó, cá pra nós, dava pra driblar o sistema?

-  A gente era estrela solitária, era o Garrincha, a bola e o gol.

-  Vibrava, vó?

-  Tipo Caetano e Bethânia em turnê. 

-  Ah, vó, que surpresa... curte os filhos de Dona Canô...

-  Aprenda sobre Jesus e sobre Medina.

-  Como assim?

-  Imagina o surfista, naquela foto feita por um francês, abismando o mundo... 

-  Pra variar, não entendi a metáfora...

-  Então, Jesus foi a lente e a imagem. O mar e o céu. 

-  Jesus era um cara descolado?

-  O maior de todos. Viveu e ensinou a diversidade. 

-  Parando pra pensar...

-  Olha a foto do Medina de novo. Pensa na minha costura. E em mim.  

sexta-feira, 26 de julho de 2024

Foz

Você pode estar no gelo
Distância que aproxima
Uma viagem, até um elo
É poesia, gruda feito ímã

Pode ser rio afora, e Foz
Foto, pensamento ou voz
Está aqui, perto de mim
Fala nada, mas diz sim

Posso ser até um amigo
Um ombro, um abrigo
E você vem na saudade
Te espero com vontade 

terça-feira, 16 de julho de 2024

80 vezes Chico

Eu podia ser um gênio.
Desses com esmeraldas nos olhos.
Que não têm voz potente, mas são trovão.
E trovadores da vida, essa brincadeira desmedida que nos foi concedida.

Eu podia ter nascido carioca.
Com uma discreta e elegante malandragem que encantam.
Mas eu não canto.
Chico, dizem, também não.

Eu podia estar empatado com Chico.
Podia ter tido filhas, mas só tive filhos.
Como esse aí da foto.
Tocando violão de mão solta.
E dedilhando a leveza da vida do jeito dele.

Eu podia ter um disco de Chico.
Mas nunca tive vinil.
Nessa roda gigante do tempo me sobrou só um CD.
De coletâneas.
E assim vou vendo a banda passar.

Eu podia ter o talento de meu querido amigo Paulo Renato Porto.
Ele, sim, escreveu uma crônica poética pra Chico.
Eu li, reli e curti.
Foi um pequeno grande momento.

O máximo permitido por mim mesmo se deu há bastante tempo: Chico está num altar.
Num texto que meu coração ditou.
E pus no papel.
E isso nem tem 80 anos!

terça-feira, 9 de julho de 2024

Ninguém apostava

Clóvis vestia a oito.

E desfilava.

A origem germânica do nome contrastava com a pele negra.

Mas ele superava qualquer preconceito. 

E bailava.

Sim, Clóvis era um bailarino da bola.

Anônimo.

Invisível. 

Até que...

Na noite de 19 de março, do longínquo 1986, se fez brilhar.

Naquele dia os holofotes eram para o badalado Fluminense.

Eram!

Porque Clóvis mudou o rumo da luz.

A chamou pra si de forma leve, carinhosa. 

Como os que muito amam.

E essa relação íntima ele teve com a bola.

Ela era cheia de tricolores e tricolices.

Tricolices, termo diferente, é só pra rimar.

Rimar com tolices de um grande time, super campeão, emperrado.

Amordaçado. 

Empacado por Clóvis, o gênio de uma noite mágica. 

Ele ditou o ritmo. 

Cadenciou o samba.

E sambou, bailarino, a nota que inventou.

Deu dó num Fluminense de ré.

Foi mi, foi fá, foi o sol reluzente de um lá dia mágico em si.

Regeu uma orquestra afinada por Sena.

Sim, Sena, não o piloto, mas o guia dos gols.

Fez o primeiro, já veterano. 

Antes, jovenzinho nascido na terra do conhaque, deixou São João da Barra pra trajar uniformes do Palmeiras e do Bahia.

Jogou até no Atlético de Madrid.

Mas domou o touro, mesmo, foi junto com Clóvis, autor de um golaço de cobertura. 

O ponta Leandro fez os outros dois do inacreditável 4x0.

Naquele 19 de março, em que uma improvável zebra deixou o maioral do Rio de joelhos. 

O Globo Esporte registrou. E relembrou (olha o vídeo aí, no final do texto). 

De lá pra cá a luz apagou.

O azul desbotou.

De Clóvis não se teve mais notícia. 

Leandro sumiu.

Sena vive no interior. 

E o Goytacaz sucumbiu. 

Chegou à quarta divisão estadual. 

Quase parou.

Quase, porque a torcida, firme e guerreira, destituiu a diretoria. 

E assumiu as rédeas de um clube que já deixou o atual campeão da Libertadores de quatro. 

O "Azul da Rua do Gás" está longe de repetir tal façanha. 

Milagre, agora, é sobreviver. 

Mas que ninguém duvide de um clube que, um dia, deu show com Clóvis, Sena e Leandro. 

Porque foi bonito.

Iluminado.

Poético, até. 

E a gente não duvida que o futebol é poesia.

Aposte nisso.

 

Te levo comigo pra Portela

Meu santo está de sentinela
Bem cuidando da sua capela
Tem feijão na nossa panela
E amor com a minha donzela

Se no mar só tem caravela
Me afogo nos braços dela
De manhã eu abro a janela
E (a)visto com muita cautela

Da roupa sou botão e fivela
Eu faço gol até de trivela
Com você a vida é mais bela
Te levo comigo pra Portela


segunda-feira, 17 de junho de 2024

Vencer, vencer

Numa tribo vibrante e vencedora, havia um suposto líder.

De pouca, ou nenhuma, tendência democrática.

Tinha os olhos quase fechados.

E pior: a visão curta.

A voz, ao contrário da aparência, soava firme.

Era ameaçadora, como dos que não têm argumento.

E era grave, como grave era a sua situação individual.

Tentou liderar isoladamente, excluindo tímidos superiores que a ele diziam amém.

Conquistou vitórias efêmeras.

Desceu mais rápido que subiu.

E sucumbiu a si próprio, afogado na arrogância dos que camuflam a própria fragilidade humana num bafejo de força.

Foi um sopro de tirania.

Foi.

Não fez vento forte.

O céu azul reluziu.

Aglutinou.

E com os guerreiros goytacazes quase ninguém pode.

Campos é deles.

Nosso campo, ou melhor, nosso estádio, sempre foi.

E ai de quem duvidar do ímpeto alvianil.

Não à toa nosso grito é: "Goyta, você é a minha vida; você é a minha história; você é o meu amor".

Quem tem sangue azul não morre na praia.

E não há ditadura, vento ou tempestade que nos impeça de voar.

E de nadar.

E de lutar por dias melhores.

Hoje, 13 de junho, é Dia de Santo Antônio.

Simbólico: esse casamento dos Goytacazes com seu povo é ancestral.

E eterno.

O Goyta voltou para onde nunca deveria ter saído: as mãos de seu povo.

O que virá, agora, é luta.

E dela nunca fugiremos.

Enquanto houver uma alma azul vibrante, o Goyta pulsará.

"Sou Goytacaz até morrer; nosso lema é vencer, vencer". 

quarta-feira, 5 de junho de 2024

Tchê, Grêmio!

Eu não vi, mas deduzo que Felipe Cure lá estava: ao lado da churrasqueira, mexendo os espetos pra lá e pra cá.

Com a camisa do Grêmio, porque foi uma terça decisiva.

Ele não iria usar só o boné pra enxergar o que poderia ser hoje.

Não.

Felipe é da estirpe dos melhores tricolores do Sul.

Ele representa bem.

A fumaça que sai do equipamento dele tem cheiro de saudade do Rio Grande.

E faz dele, e de Paola, enormes gaúchos em Macaé.

Na terra do petróleo, das oportunidades.

E da chance de ser o que se é: gremista de corpo e alma.

É na fé da reconstrução que um povo nos ensina todo dia o significado da palavra força.

E pra superar água e lama.

Essa noite o Grêmio estava longe de Porto Alegre.

Saiu de lá, mas Porto Alegre não saiu dele.

Os tricolores enfrentaram, de novo, Deus permitiu, água e lama.

Ninguém duvidou que, de novo, fossem superar.

E assim se deu.

Deus quis, o Grêmio lutou e a vaga veio no meio de uma guerra quase infinita.

Mas de batalhas se vive a vida.

E de "Batalha dos Aflitos", o Grêmio entende.

Lá, foi Anderson.

Hoje, foi Diego.

E nesse alfabeto gremista de suor, lágrimas e raça, a gente vai apreciando o real significado de "ser gaúcho".

Que sirva de lição pro Brasil!

Não há tempestade que nos impeça de voar.

"Deu pra ti, baixo astral, vou pra Porto Alegre".

E tchau!


segunda-feira, 3 de junho de 2024

À nossa, Eduardo!

"Ô Sílvia, tô aqui com o poeta". 

Era assim que Eduardo avisava a esposa quando estava em minha companhia.

Mas poesia, poesia mesmo, foi a vida dele.

Em especial a relação com a mulher.

Um amor que atravessou décadas, cidades e estados brasileiros. 

Do pouco que sei, disse a ele um dia que daria um belo livro.

Já a história completa, tenho certeza, encheria todas as prateleiras de uma biblioteca.

Eduardo leu a vida por uma ótica própria, determinada e corajosa.

Era advogado por formação, mas o que defendia, mesmo, é que a vida é pra ser bem vivida.

E com os seus, em qualquer situação ou endereço.

O conheci no balcão e logo migramos para a mesa.

Foi num lugar na rua da minha casa e perto da residência dele, em Campos dos Goytacazes.

O nome oficial é Bar e Restaurante Cana e Café.

Todo mundo conhece mesmo como "Bar do Sidney", o "Highlander" Sidney.

Sidney é mesmo um guerreiro imortal, que enfrenta as máquinas sentado três vezes por semana.

E ganha delas toda vez.

Dá goleadas com força, como foi a do Flamengo dele sobre o Vasco ontem.

E ainda trabalha. 

Trabalha todo dia.

Lá, nesse ambiente familiar e de incrível superação, o bonachão são-paulino Eduardo conquistou minha admiração.

Sabe um sujeito bom de papo e de copo e, ainda, simpático?

Assim era o paranaense com mais jeitão de carioca que eu conheci. 

Rimos muito, bebemos bastante e nunca discutimos.

Foram horas inesquecíveis, meu amigo. 

Que vou guardar com muito carinho.

Como aquela vez que a gente se encontrou, por acaso, em Itaperuna. 

Uma surpresa daquelas muito bem-vindas.

Talvez um pequeno recorte e um batismo do que foi nosso contato.

Ontem à noite eu soube que você não estava mais entre nós.

A primeira reação foi de incredulidade; a segunda, de choro.

Hoje cedinho pude dar um abraço em Sílvia.

E, assim que for possível, estarei lá no "Bar do Sidney". 

Vou tentar sentar na sua mesa. 

Se conseguir, porque a emoção vai ser grande.

E aposto que ouvirei de novo (pelo menos em pensamento):

"Ô Sílvia, tô aqui com o poeta".

terça-feira, 28 de maio de 2024

A baianidade é fogo

Olhei uma, duas vezes. E estava lá: presente e imponente.

Eu ostentei uma casca de feijão.

Bem entre os dentes da frente, num sorriso que me é caro.

Um jato d'água resolveu e expulsou esse intruso.

Foi até inconveniente olhar pra mim e me ver.

Como é, de fato.

Daí em diante o espelho de um banheiro qualquer, de um boteco único, só refletiu alegria.

E paz.

E uma serena baianidade de quem não nasceu baiano, mas é acarajé.

E fé.

E fogo.

E ar, mar, pasto e grama.

Mesmo a sintética, aquela artificial.

Bem lá, onde foi o primeiro gol.

Aquele, que rompeu.

Atravessou parte do Brasil.

Rompeu barreiras e chegou em vantagem no Barradão.

Foi salvador minúsculo, pra encarar Salvador maiúsculo.

Hoje sofremos em cores, mas fizemos um gol em preto-e-branco.

Júnior, baiano de todos os santos, fechou o passo.

Passo a acreditar na vitória sobre o Vitória como a vitória de uma jornada.

A branca, ímpar, límpida e espiritual baianidade, é Fogo!

Valeu, Washington Rodrigues

Uns bons goles regaram parte da minha noite. Num bate-papo descontraído e, ao mesmo tempo, leve e profissional.

Eu e meu colega de trabalho/amigo/irmão Ed Meirelles balbuciávamos a vida e pré-desenhávamos o futuro. 

Secamos o Flamengo enquanto molhávamos a garganta.

Ele, com coca-cola; eu, banhado no amarelo álcool de vários chopps com um pequeno colarinho.

Coisa de um, dois dedos. No máximo.

A medida da prosa, espumante que só, percorreu centímetros de criatividade.

E um universo de possibilidades. Foi num boteco, em Macaé, onde tudo se deu.

E se deu vendo o Flamengo, o não-time de ambos, golear bolivianos.

Era a Libertadores.

E no Maracanã.

E descobri, pouco depois, que, durante o jogo, uma luz apagou.

Um chute parou.

Uma torcida, a maior torcida, se calou.

Ou deveria, em cada um dos quatro gols.

Não foi uma noite pra comemorar o que deveria ser.

E não foi por um motivo emotivo: um coração rubro-negro, um enorme coração rubro-negro, deixou de pulsar aqui.

E, vejam bem, estou falando de um gigante.

Tão grande que reconheceu, em 1983, que o Flamengo dele perdeu "só" de 2x1 para o meu Goytacaz.

Era o disputadíssimo Campeonato Carioca da época, em que o melhor time do mundo, tipo um Real Madrid de agora, era derrotado, inapelavelmente, por um clube que tinha acabado de subir da Série B Estadual.

E da terra do Petróleo, com um gol, o primeiro, de um centroavante apelidado de...Petróleo.

Pois Washington Rodrigues escreveu, no Jornal dos Sports, tão rosa quanto as bochechas dele, que o Flamengo escapou de uma goleada em Campos.

Foi uma crônica de outro mundo de quem tinha o apelido de outro mundo: "Apolinho".

Washington, hoje o Flamengo goleou um time azul como o Goytacaz.

E você virou uma estrela. Uma estrela azul, que treinou o Flamengo dos sonhos que não saiu do papel em 1995, numa louca viagem onde você, talvez, tenha sido um passageiro sem rumo certo.

Mas teus comentários e tua leveza, assentados na inteligência, na ironia e num espírito bonachão, seguem nos conduzindo futebol afora, quatro linhas do universo.

Seja eternamente a luz que você sempre foi e irradiou, Washington Rodrigues.

terça-feira, 7 de maio de 2024

Sul-americano

Você silencia meu grito
Pênalti batido no ângulo
E até nesse jogo maldito
Ergo meu vinho incrédulo

Pedaços do show da Madonna
E nos encontrei, partida perdida
Dessa multidão não somos nada
De mim, uma manteiga derretida

Na nossa Copacabana  particular
Miro, me vejo em ti e até me erro
Gosto do vinho da taça do nosso lar
Da boca, da nossa saliva e do berro

Eu até me acho em você
Sem pensar e sem querer
Te envolvo aqui, bem mim
Nos braços desse meu sim


quarta-feira, 1 de maio de 2024

Um espeto no coração

Minha solidão é você
Na cachaça aqui do lado
Me abrigo sem querer
Se eu não for amado

Parti a corda do violão
Esperando essa moça
Vi a estrada do sim e não
Andei da cidade à roça

Não tenho tanta pressa
Mas sigo meu caminho
Seguro a vida no braço
Sou sertão e até carinho

Não há solidão com você
Acabou minha cachaça
Quero um abrigo doce
E o nosso amor de graça

Esmeraldas

Dois faróis de luzes me veem
Me procuram e me contraem
Lâmpadas se vidram no escuro
Visão aguçada, sopros no muro

Me deito, sim, branco e verde
E imagino que você me morde
Talvez a métrica da distância
Ou uma imaginária constância 

O fato é: existem olhos claros
Que assentam encontros raros
Não é uma vitória entrelaçada
Ou uma vila velha emoldurada

Até achei encantamento aqui
Estou tão o seu colo de sim
Que mirei cores marrons e vi
Dorme muito, e bem, em mim 

terça-feira, 23 de abril de 2024

Quem tem amor

O dia amanheceu azul entre prédios.
Até acho que o céu nos beijou.
Um carinho de Deus para os súditos;
O afago para quem tanto cortejou.

Foram horas, momentos e infinito;
Foi o que a gente quis, até o não dito.
Foram voos planos e nunca rasos;
Todo plano cumprido, sem atrasos.

E o que vem agora, além de frescor?
O que esperar, bem, quando eu for?
Perguntas se misturaram ao redor.
O tempo é de quem tem amor, amor!


segunda-feira, 15 de abril de 2024

Estacionamento

Ando com poesia no carro
Em asas de tempo e vento
Num asfalto eu me esbarro
Trago em mim sentimento

Bebi, morri e vivi
Somos nós em ti
Olhei e te socorri
Não menti, me vi

Caminho com sorte e vida
O anjo que lambe a ferida
Pavimento num olhar único
Um jeito torpe, quase cínico

Bebi e socorri em ti
Te juro que eu morri
Vivi, olhei, não menti
Somos o que eu te vi

terça-feira, 2 de abril de 2024

Fevereiro, dia dois infinito

Eu sou Pousada do Marujo pousado em você...

A Vila Velha renovou Campos e um Rio das Ostras.

Tocou Leoni, tocou Zeca Baleiro... vc me tocou. 

O que seu Édson percebeu, de Belém, foi nosso ar condicionado. 

Nossa temperatura na pele. Nosso engarrafamento entre nós. 

Uma Águia Branca me guiou até sua enxurrada de delicadezas. 

Somos ágeis em perceber que objetos viram personagens.

E que a vida real é envidraçada como o olho azul do seu, do nosso gato Dudu.

E nosso também é o Carone, esse supermercado com aura italiana que te avizinha.

Você tem até, ao lado, a Sagrada Família fã de música sertaneja. 

A gente vê, ouve, ri... A gente é a gente sem limites, distância que seja.

Sei lá se o Papa é Pop.

Eu levei um tiro à queima-roupa quando te vi.

E Humberto Gessinger batizou. 

Então, loira, há curvas na estrada. 

Há isca e anzol entre nós. 

Lado a lado, como as conchas que vc coleciona.

Madrepérola é nosso encontro.

A vida me reservou vc.

E esse presente é pra sempre.

Te amo!

Feliz dois eternos meses.

terça-feira, 26 de março de 2024

Azul e vermelho

A chave está ali, muito bem posta. Com a maçaneta, são uns 90 graus.  Mais ou menos pra lá, não importa! São só, e apenas isso, os números. 

Chama a atenção, mesmo, é a porta.  Entreaberta, como parece o mundo. Há, ali, um gatinho e uma banqueta. Vejam bem: pendurado, um absurdo.

Luzes, as cores, tudo vive em volta. E quem não respira no submundo? Madeiras, luminárias e reviravolta... O que você não disse, eu, só, mudo.

domingo, 24 de março de 2024

A gente não é

A gente não é todo mundo, 

Somos o sabor da metade. 

E saudade do gosto todo, 

Desse mundo só da gente.


Não esquece disso não,

Lembre-se desse vaivém.

A gente é até a contramão,

Retalho do que não se tem.


A gente percorre as horas, 

Faz viagem nessa vida.

Sem ponteiros ou escoras,

E com passagem só de ida.


Coisa de casa velha

Se eu não tiver uma casa,

Posso me repousar em ti?

E se você me der uma asa,

Pouso sem querer em mim?


E, vamos lá, se eu for casa,

Talvez eu repouse em ti?

Mas e se você for uma asa,

Quem vai querer ter em mim?


Não, não tenho uma casa,

Nem repouso em mim e ti.

Você é e tem e tem sua asa!

Quer? Tem? Repousa em mim.



quinta-feira, 21 de março de 2024

Violão americano

Eu nunca tive um irmão 

A natureza se recolheu

Bambolê de sim ou não 

Um hiato vazio do céu 


A vida é contravenção 

E até aqui me percebeu

Presente bem na mão 

Minha chuva arrefeceu


Amar é brisa no chão 

Dar o que não recebeu 

José, tenha seu João 

Se não sente, não moeu



quarta-feira, 20 de março de 2024

Parabéns

 Há cinco anos eu estava aí..

Choveu.

Anoiteceu.


E a gente foi a gente.

A gente segurou a onda.

E a chuva. E a chuva da onda.


A gente sobreviveu como pode.

E entre janelas e portas.

Vocês estavam lá.


E vcs estão na resistência.

Na resiliência de vida,

Na paciência entre nós.


Comemorem e vibrem.

Sejam a mesma frequência;

Sejam, sempre, Paciência!

terça-feira, 12 de março de 2024

A mão esquerda

Oito. Oito e pouca. Quase nove da noite. Uma, duas, três Brahmas depois... Um olhar me atravessou. Era marrom. Eram marrons. Dois olhos. Duas luzes, duas possibilidades. 

Eu fitei. E namorei. Apaixonei de cara. Minha cara, minha metade, meu todo, parou bem perto. A gente se descobriu. Extravasei. A mão esquerda sobressaiu. E foi. E foi solo, só. 

A gente estava num quiosque. Talvez um trailer... talvez uma lanchonete. É, vamos chamar de lanchonete, encravada numa divisória de pistas. Quase uma pista única. 

Ali estávamos eu, o cliente; Júnior, uma espécie de faz-tudo; e Duda. Duda para quem ela assim se apresentava. Maria Eduarda, a mãe chamava, supus. Ela tinha brincos de corações. 

Duda, a dos brincos, brinca de receber as contas. E ainda atende. Júnior, serelepe que só, notou quando meu olhar fitou o dela. Ele viu aqueles olhos marrons a me marcar. E marcaram.

"Maria Bethânia, vem aqui", gritou silenciosamente Júnior. Não acreditei que aquela cadela linda, caramelo, tinha esse nome. Duda disse que o irmão se chama Caetano Veloso. 

Só posso estar num sonho da vida real. Comi meu "mata-fome" com a fome dos imortais. Que são "Gegê e Inácio", cães do irmão João. E eu sou amor. Amor de Dani. Das Vilas e das Vitórias.

sexta-feira, 8 de março de 2024

Balas pra Bob Marley

Passando pra te lembrar:
Que é meu o teu olhar.
Você tem esmeraldas...
Elas estão estampadas.

Passando pra te lembrar:
O meu sonho é te amar.
Você tem as espadas...
Eu tenho frases amadas.

Passando pra te lembrar:
Do meu sonho e do olhar.
Das frases até cantadas...
Em todo você: flechadas!

quarta-feira, 6 de março de 2024

Sumo em ti

Lavo, escorro!
Afago o entorno.
Espumo.
Me prumo.
Copo cheio.
E a vida veio.
Às vezes é infinito.
Às vezes é o grito.
Às vezes bancada.
Às vezes desarmada.

Pago, socorro!
O saber do erro.
Insumo.
Me uno.
Miragem, veraneio.
Sol desse recreio.
Às vezes é o não dito.
Às vezes é ar banido.
Às vezes descortinada.
Sempre, sempre, amada.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Labirinto de suspiros

Eu tô doido pra ficar te olhando com olhos de contemplação.

Feito um menino quando vê o mar pela primeira vez e lhe dá o coração.

Gosto da sua voz, aprecio sua elegância, sou apaixonado por nós.

A gente é praia, desde a areia até o rochedo, é água calma e mar feroz.


Você dirige bem você e eu, numa frequência rara e única. 

A gente prefere a gente, pessoalmente ou à distância, tudo indica.

Temos notícias, fatos, fotos e até fofocas e informações. 

Faz parte do DNA que cravamos, redemoinho de inundações. 


Leoni nos batizou, acho que Zeca Baleiro nos profetizou em Raul.

Eu sou, sim, um maluco beleza, ar de uma Vila Velha ao sul.

O norte, meu bem, transformamos em amor de gato de olho azul.

Ninguém é o que a gente é; nem sem tempo, nem cronometradamente nu.


sábado, 24 de fevereiro de 2024

O dinossauro que habita em mim

Eu não tenho o sobrenome que me dá orgulho hoje.

Meu pai tem, ou tinha, minha namorada possui. 

Sonhei com meu pai essa semana. Ele remava.

E a gente levava a vida em águas calmas.

Acordei, esses dias, pensando que a vida era lenta, como águas calmas.

Acho que nosso relógio corre, corre como correnteza.

E não é bússola, talvez nem relógio seja direito.

Porque o tempo, ah, esse cronometra a gente. 

Bate, morde. Assopra e acalenta.

Esse relógio da nossa vida gira, pulsa, resgata, afaga e afoga.

E o que é viver? É uma prova de 100 metros?

Maratona?

Ou é travesso travesseiro que te emoldura essa corrida desnecessária?

Às vezes estou ali, no estacionamento do Shopping. 

Às vezes sou flecha em ti, disparada em mim.

Ouço sua voz doce. Um bombom na noite. Um açoite. 

Ah, vc está aí.

Mas é tão aqui que me sinto. 

Me permito até falar do que não é. 

Me visto de você, me ergo.

Hoje a gente falou e eu me prometi a você. 

Eu sou um clichê, você é um doce.

Tanto que tem Souza, com zê, no sobrenome. 

E, sua linda, meu pai também tinha. Igualzinho. 

Eu não tenho, porque não podia ser seu parente, sendo você meu amor. 

Vou falar baixíssimo: tenho orgulho disso. 

É estufar o peito e gritar um gol. 

Um, dois gols.

Do Sousa, esse com ésse no segundo ésse, fazendo o segundo gol aos 45 do segundo tempo. 

Ah, esse nordeste, essa Paraíba de Elba e Zé Ramalho, lugar sem amarras. Sem Cruzeiro. Xô, Cruzeiro de um "Fenômeno" que perdeu o  jogo dessa noite. 

Mas o campeonato dessa vida minha tem meu pai. E tem você, seus Souzas lindos, não importa a grafia. Vale é a fome de viver. A fome do Tiago, só reduzi com uma Coca e um misto perto de casa. A gente é só um pouco de gás pra sobreviver; queijo, presunto e pão são.  Somos todos iguais nessa noite. Nessa terra. A terra que já foi dos dinossauros. Ele, o símbolo da cidade Sousa, dessa Paraíba que mora (ou deveria morar!) em todos nós. 

Pra você guardei o mais bacana de mim

Você é um presente que o infinito me deu. 

Um carinho do céu, um abraço de Deus.

E um singelo e eterno beijo de Maria. 

É fogo, paixão.

É o gelo da coca-cola.

E é fogão.

É coleção de óculos. 

É ver filme com binóculos. 

Invisíveis, intangíveis. 

Presentes no riso, na gargalhada. 

Você é como uma ótima piada.

Que a gente não esquece. 

Da qual a gente não adormece. 

E que a gente quer pra boca, pra sorrir a alma.

E pra deixar a vida leve, totalmente calma.

Você me dá a segurança que não tenho;

O amor que não compartilho...

Vou pra onde?

Pra onde você me levar;

Pra onde eu só vá.

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Se gostei...

 O dia amanheceu cinza.

Seis e quarenta de uma manhã nublada pela cortina branca do quarto. 

Algumas tatuagens suas me marcaram como o sol que não chegou. 

E tua pele, essa foi como o reflexo das ondas do mar na vidraça.

Teus olhos esmeralda, envidraçados pela moldura do momento, assentaram. 

Eles são. 

E serão faróis.

Me guiam.

Me cegam.

Me levam.

Me ensinam.

Dois, três lençóis depois, a gente era café.

E fé no que não vimos.

E só no que sentimos. 

Um pão integral com queijo. 

Uma xícara com seu beijo.

Ah, vasculhei meu Zap depois. 

Não encontrei o que fomos nós dois.

Nem acharia no infinito. 

Mas estava escrito:

Um riso resumido,

Uma conexão abissal.

De repente veio uma personagem: "Selma Castiçal"...

Mas a gente reza?

O que a gente preza?

A gente é uma forte chuva?

A gente é caroço ou uva?

Sei que é original. 

Sei que é sabor de bolinho de bacalhau.

Mas era era filé com fritas.

Era areia do mar, rua, águas infinitas.

A gente chama o garçom...

Vem tua história, tua mutação, teu dom...

O cara se apresenta como "Júnior Tigrão".

Pinta a rima pobre de sim ou não. 

E você é ouro, é minério!

É Pará, São Paulo, Bêagá!

Desvenda teu mistério. 

Vem pro meu mundo. E já!

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Pontual

Acho que você até não existe;
Não aqui, aqui na minha frente.
Só que a gente, a gente insiste;
Numa conexão sem um limite. 

Acho que não vou te absorver.
Mas como não me reverter?
É tentar ir, ir, ir, ir... e tentar ser;
É um salto no escuro, é viver! 

E o que é o não conhecimento?
Se, não, um ativo do momento?
Estou aqui, me vendo (!) atento.
Estou aí, pra somar movimento.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Cinco centavos

Ter você foi um bom sonho em inglês
Tive paciência, acho que fui cortês
A gente foi pacote Premium
Fomos até dois enquanto fomos um 

Demos risada da vida e dos outros
Os dias não passavam até novos encontros
Teu edredom virou minha morada
Andei de mãos dadas, te chamei de namorada

Sim, esse é o momento da despedida
Como um domingo que marcou minha vida
Hoje seria um dia pra te encontrar
Amor, não olhe pra trás, vá bailar

Agora a folha caiu longe da árvore e não voou
Eu estava aí, mas o vento da noite me levou
Vou guardar as fotos com carinho
Vista sua roupa e deguste seu vinho. 

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Acelerou

O pé engessou
O café esfriou
O carro não pegou
A rua me enganou

Tem dias
que só no
outro dia
mesmo

O trampo não engrenou
A cerveja esquentou
O cartão estourou
A confusão me manchou

Tem dias
que só no
outro dia
mesmo

Mas comemoro gol
Porque você ficou
A gente se marcou
E eu te vivo, e eu estou

Tem dias
que só no
outro dia
mesmo

Obs. - Parceria com Marcelo Benjá

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Aquários

Eu me vi nos seus olhos
Com razão, vidrados
E até embaçados 

E me senti numa nuvem
Acho que eu sou você
E o contrário não é clichê 

Quando você encosta em mim
Me diz que é sua alma
E eu digo sim

Nosso nunca é pra sempre
E vou desembrulhar
Meu presente 

Assim, a gente fica junto
Num relógio atemporal
E nosso tempo é Carnaval


terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Ano, seu insano

Encontrei quem não quis
E também quem refiz
Tingi dores
Fugi de cores

Ano, seu insano 

Fui a São Paulo e ao Rio
Congelei no calor, suei no frio
Escrevi, me fotografei
Não me guiei, me atropelei

Ano, seu insano 

O Botafogo me decepcionou;
O Goytacaz me cortejou
Meu esporte favorito foi viver;
Morei em bares, embebedei de prazer.

Ano, seu insano 

Os filhos chegaram a idades emblemáticas
Dez, dezoito e vinte e um
Dias bons, horas ruins, vivências e práticas
A xerox do futuro incomum

Ano, seu insano 

Perto do fim meu mundo enfeitiçou
Vi um ótimo casal se formar
Na intensidade juvenil de quem nunca amou
Torço pra que sejam sempre sol e mar 

Ano, seu insano

Até o mais improvável comigo aconteceu
Ando agora de mãos dadas, você e eu
Me descobri de novo: só seu
Dois mil e vinte e três: o ano pra chamar de meu

Ano, seu insano