segunda-feira, 17 de junho de 2024

Vencer, vencer

Numa tribo vibrante e vencedora, havia um suposto líder.

De pouca, ou nenhuma, tendência democrática.

Tinha os olhos quase fechados.

E pior: a visão curta.

A voz, ao contrário da aparência, soava firme.

Era ameaçadora, como dos que não têm argumento.

E era grave, como grave era a sua situação individual.

Tentou liderar isoladamente, excluindo tímidos superiores que a ele diziam amém.

Conquistou vitórias efêmeras.

Desceu mais rápido que subiu.

E sucumbiu a si próprio, afogado na arrogância dos que camuflam a própria fragilidade humana num bafejo de força.

Foi um sopro de tirania.

Foi.

Não fez vento forte.

O céu azul reluziu.

Aglutinou.

E com os guerreiros goytacazes quase ninguém pode.

Campos é deles.

Nosso campo, ou melhor, nosso estádio, sempre foi.

E ai de quem duvidar do ímpeto alvianil.

Não à toa nosso grito é: "Goyta, você é a minha vida; você é a minha história; você é o meu amor".

Quem tem sangue azul não morre na praia.

E não há ditadura, vento ou tempestade que nos impeça de voar.

E de nadar.

E de lutar por dias melhores.

Hoje, 13 de junho, é Dia de Santo Antônio.

Simbólico: esse casamento dos Goytacazes com seu povo é ancestral.

E eterno.

O Goyta voltou para onde nunca deveria ter saído: as mãos de seu povo.

O que virá, agora, é luta.

E dela nunca fugiremos.

Enquanto houver uma alma azul vibrante, o Goyta pulsará.

"Sou Goytacaz até morrer; nosso lema é vencer, vencer". 

quarta-feira, 5 de junho de 2024

Tchê, Grêmio!

Eu não vi, mas deduzo que Felipe Cure lá estava: ao lado da churrasqueira, mexendo os espetos pra lá e pra cá.

Com a camisa do Grêmio, porque foi uma terça decisiva.

Ele não iria usar só o boné pra enxergar o que poderia ser hoje.

Não.

Felipe é da estirpe dos melhores tricolores do Sul.

Ele representa bem.

A fumaça que sai do equipamento dele tem cheiro de saudade do Rio Grande.

E faz dele, e de Paola, enormes gaúchos em Macaé.

Na terra do petróleo, das oportunidades.

E da chance de ser o que se é: gremista de corpo e alma.

É na fé da reconstrução que um povo nos ensina todo dia o significado da palavra força.

E pra superar água e lama.

Essa noite o Grêmio estava longe de Porto Alegre.

Saiu de lá, mas Porto Alegre não saiu dele.

Os tricolores enfrentaram, de novo, Deus permitiu, água e lama.

Ninguém duvidou que, de novo, fossem superar.

E assim se deu.

Deus quis, o Grêmio lutou e a vaga veio no meio de uma guerra quase infinita.

Mas de batalhas se vive a vida.

E de "Batalha dos Aflitos", o Grêmio entende.

Lá, foi Anderson.

Hoje, foi Diego.

E nesse alfabeto gremista de suor, lágrimas e raça, a gente vai apreciando o real significado de "ser gaúcho".

Que sirva de lição pro Brasil!

Não há tempestade que nos impeça de voar.

"Deu pra ti, baixo astral, vou pra Porto Alegre".

E tchau!


segunda-feira, 3 de junho de 2024

À nossa, Eduardo!

"Ô Sílvia, tô aqui com o poeta". 

Era assim que Eduardo avisava a esposa quando estava em minha companhia.

Mas poesia, poesia mesmo, foi a vida dele.

Em especial a relação com a mulher.

Um amor que atravessou décadas, cidades e estados brasileiros. 

Do pouco que sei, disse a ele um dia que daria um belo livro.

Já a história completa, tenho certeza, encheria todas as prateleiras de uma biblioteca.

Eduardo leu a vida por uma ótica própria, determinada e corajosa.

Era advogado por formação, mas o que defendia, mesmo, é que a vida é pra ser bem vivida.

E com os seus, em qualquer situação ou endereço.

O conheci no balcão e logo migramos para a mesa.

Foi num lugar na rua da minha casa e perto da residência dele, em Campos dos Goytacazes.

O nome oficial é Bar e Restaurante Cana e Café.

Todo mundo conhece mesmo como "Bar do Sidney", o "Highlander" Sidney.

Sidney é mesmo um guerreiro imortal, que enfrenta as máquinas sentado três vezes por semana.

E ganha delas toda vez.

Dá goleadas com força, como foi a do Flamengo dele sobre o Vasco ontem.

E ainda trabalha. 

Trabalha todo dia.

Lá, nesse ambiente familiar e de incrível superação, o bonachão são-paulino Eduardo conquistou minha admiração.

Sabe um sujeito bom de papo e de copo e, ainda, simpático?

Assim era o paranaense com mais jeitão de carioca que eu conheci. 

Rimos muito, bebemos bastante e nunca discutimos.

Foram horas inesquecíveis, meu amigo. 

Que vou guardar com muito carinho.

Como aquela vez que a gente se encontrou, por acaso, em Itaperuna. 

Uma surpresa daquelas muito bem-vindas.

Talvez um pequeno recorte e um batismo do que foi nosso contato.

Ontem à noite eu soube que você não estava mais entre nós.

A primeira reação foi de incredulidade; a segunda, de choro.

Hoje cedinho pude dar um abraço em Sílvia.

E, assim que for possível, estarei lá no "Bar do Sidney". 

Vou tentar sentar na sua mesa. 

Se conseguir, porque a emoção vai ser grande.

E aposto que ouvirei de novo (pelo menos em pensamento):

"Ô Sílvia, tô aqui com o poeta".